
O brilhante Jorge Luis Borges (1899 –1986) fora um ávido leitor sua vida inteira. No entanto, ficou cego à época de sua nomeação como diretor da Biblioteca Nacional da Argentina. “Deus, com magnífica ironia, deu-me livros e a noite em uma só vez”, como teria dito. Borges nunca aprendeu Braille e seus escritos tornaram-se mais curtos. Cada palavra passou a ser escolhida com cuidado, com cada alusão ajustada e com cada ideia expressa claramente.
Com essa preocupação em ser conciso e com suas credenciais, não se admiraria que uma lista de livros elaborada por Borges fosse altamente seletiva.
Esta lista surgiu quando uma editora pediu-lhe para escolher e escrever prólogos para uma coleção de livros que deveriam fazer parte de uma boa biblioteca pessoal. Embora não fora possível terminar esses prólogos, a lista reflete seu apurado gosto literário:
- Julio Cortázar: Contos
- Os evangelhos apócrifos
- Franz Kafka: Narrativas breves
- G.K. Chesterton: A Cruz Azul e outros contos
- Wilkie Collins: A pedra da lua
- Maurice Maeterlinck: A inteligência das flores
- Dino Buzzati: O Deserto dos Tártaros
- Henrik Ibsen: Peer Gynt. Hedda Gable
- Eça de Queiroz: O Mandarim
- Leopoldo Lugones: O Império jesuítico
- André Gide: Os moedeiros falsos
- H. G. Wells: A Máquina do Tempo. O homem invisível
- Robert Graves: Os mitos gregos
- Fiodor Dostoievski: Os demônios
- Edward Kasner e James Newman: Matemática e imaginação
- Eugene O’Neill: O Grande Deus Brown. Estranho interlúdio. Electra e os fantasmas
- Ariwara no Narihira: Contos de Ise
- Herman Melville: Benito Cereno. Billy Budd. Bartleby, o escrivão
- Giovanni Papini: O trágico cotidiano. O piloto cego. Palavras e sangue
- Arthur Machen: Os três impostores
- Fray Luis de León: O Cântico dos cânticos. Exposição do Livro de Jó
- Joseph Conrad: No extremo limite. Coração das Trevas
- Edward Gibbon: Declínio e Queda do Império Romano
- Oscar Wilde: Ensaios e Diálogos
- Henri Michaux: Um bárbaro na Ásia
- Hermann Hesse: O jogo das contas de vidro
- Enoch A. Bennett: Enterrado vivo
- Cláudio Eliano: Sobre a natureza dos animais
- Thorstein Veblen: A Teoria da Classe Ociosa
- Gustave Flaubert: A tentação de Santo Antão
- Marco Polo: As Viagens
- Marcel Schwob: Vidas imaginárias
- George Bernard Shaw: César e Cleópatra. Comandante Barbara. Cândida
- Francisco de Quevedo: Marco Bruto. A fortuna com juízo e a hora de todos
- Eden Phillpotts: Os vermelhos Redmaynes
- Sören Kierkegaard: Temor e Tremor
- Gustav Meyrink: O Golem
- Henry James: A lição do Mestre. A vida privada. O desenho no tapete.
- Heródoto. Os nove livros da História
- Juan Rulfo: Pedro Páramo
- Rudyard Kipling: Contos
- William Beckford: Vathek
- Daniel Defoe: A vida amorosa de Moll Flanders
- Jean Cocteau: O Segredo Profissional e Outros Textos
- Thomas de Quincey: Os últimos dias de Emmanuel Kant e outros escritos
- Ramón Gómez de la Serna: Prólogo à obra de Silverio Lanza
- Antoine Galland: As mil e uma noites
- Robert Louis Stevenson: As novas mil e uma noites. Markheim
- Léon Bloy: O sangue do pobre. A salvação pelos judeus. Nas trevas
- Bhagavad-Gita
- O épico de Gilgamesh
- Juan José Arreola: Contos Fantásticos
- David Garnett: A mulher-raposa. O homem no jardim zoológico. O regresso do marinheiro
- Jonathan Swift: As viagens de Gulliver
- Paul Groussac: Crítica Literária
- Manuel Mujica Láinez: Os ídolos
- Juan Ruiz: O livro de bom amor
- William Blake: Poesia Completa
- Hugh Walpole: Por cima da praça escura
- Ezequiel Martínez Estrada: Obra poética
- Edgar Allan Poe: Histórias extraordinárias
- Virgílio: Eneida
- Voltaire: Contos
- W. Dunne: Uma experiência com o tempo
- Attilio Momigliano: Ensaio sobre Orlando Furioso
- William James: As variedades da experiência Religiosa. Um estudo sobre a natureza humana
- Snorri Sturluson: A saga de Egill Skallagrímson.
- O Livro dos Mortos
- Alexander Gunn: O problema do Tempo