
No Brasil é socialmente aceito que o ano acabe por volta do natal e somente reinicie depois do carnaval. Embora não esteja próximo da mudança do ano no calendário, na Europa há um período de verdadeira suspensão operacional do tempo durante o verão. É o tempo de pepino.
Ninguém sabe ao certo, mas em várias línguas — norueguês, dinamarquês, holandês — é chamado de “tempos de pepino” (agurktid, komkommertijd, cumcumber times). Talvez fosse a época de colheita dos pepinos mais frescos.
Do final de junho até o final de agosto as coisas vão devagar. É a época quando muitas repartições públicas e empresas tiram férias coletivas. Ninguém responde e-mails. Estagiários soltam notícias triviais (ou cômicas) nos jornais para encher as páginas. Até as igrejas entram em recesso. Turistas leem despreocupadamente seus livros de verão. Todos reclamam da paradeira, mas não acham ruim os dias sem pressa.
Esse período dos dias quentes e abafados do verão também é chamado de canícula ou os “dog days”. A alusão canina pertence ao calendário astronômico porque nesses meses no hemisfério norte fica visível quando Sirius, a estrela do cachorro, nasce e se põe com o sol. A constelação do Cão Maior some no final da primavera e seu retorno prenuncia os dias de cão.
Pepinos ou cachorros, a modorra de certas épocas é uma lembrança de que não somos máquinas. Longe de sermos um moinho em constante atividade, temos a legítima necessidade de desacelerarmos de vez em quando.
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