Circundado pela beleza fértil da Sicília, algum poeta sentiu-se inspirado nas vésperas de um festival de noites em louvor a Vênus. Esse início de primavera poderia ser no século II ou IV, tanto faz, e meio às ruinas cantou em nada complicado 93 versos em tetrâmetros trocaicos cataléticos, uma celebração ao amor. A poeta (quem disse que a autoria deveria ser de um homem?) faz um canto processional recheado de referências mitológicas. Talvez fosse os últimos versos da civilização greco-romana, talvez fossem os primeiros versos românticos medievais.
O poema Pervigilium Veneris pode ser traduzido como Virgília de Vênus se você imaginar poetas boêmios almofadinhas ou Embalos da noitada de sexta-feira se você imaginar poetas boêmios de botecos sujos.

O refrão Cras amet qui nunquam amavit; quique amavit cras amet relembra que, como a primavera, o amor volta.
Traduziria o refrão assim: “Ame amanhã quem nunca amou; e a quem ama ame amanhã.”
O poema foi descoberto pelo humanista Erasmo na biblioteca de Aldo Manuzio em Veneza. Em tempos de fanatismo quando o desejo de ódio era a norma, não foi prudente publicá-lo de imediato. Tal missão caberia ao huguenote Pierre Pithou já no final do século XVI, época quando calvinistas eram humanistas e menos puritanos.
Para o texto em latim e tradução de Milton Marques Junior, visite: