O sociólogo norte-americano Randall Collins reúne as tradições teóricas da sociologia em quatro grandes grupos: teoria do conflito, teoria da escolha racional ou utilitarista, teoria funcionalista ou durkheimiana e a teoria do micro-interacionismo. Usando seu arcabouço e incluindo outras correntes de teorias sociais contemporâneas, têm-se um apanhado dos principais paradigmas.
Teorias do conflito
Essa abordagem discute o capitalismo e a estratificação social na perspectiva macro-histórica na qual o poder e a economia são extremamente relevantes. As bases são os pressupostos de que o anseio pelo poder e a escassez de recursos levam a constantes conflitos inevitáveis. As negociações ocorrem por influências, coerção, promessas e consenso. Qualquer recursos com valor atribuído por ser empregado para a exploração e exercício do poder. A contestação dos desprivilegiados é uma ameaça constante à dominação dos detentores do poder. Originou-se de duas vertentes do século XIX, uma de viés econômico e outra das interpretações da dialética de Hegel. Economistas, como David Ricardo e a escola econômica historicista alemã e posteriormente os pensamentos de Marx, Engels e Weber consolidaram essa abordagem. Os representantes pós-1940 mais conhecidos são:
- Marxismo ocidental: Georg Lukacs e Antonio Gramsci
- Escola de Frankfurt: Walter Benjamin, Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Jürgen Habemas
- Teorias críticas
- Neo-Marxismo: Burawoy, Burris, Milliband
- Marxismo Analítico: Cohen, Roemer, Elster, Wright
- Sistemas Mundiais: Wallerstein, Frank, Furtado, Dos Santos, Sunkel
- Sociologia Histórica das Revoluções, movimentos sociais e do Estado: Hobsbawm, E. P. Thompson, Maria Isaura Pereira de Queiroz.
- Noam Chomsky
- Teoria funcionalista do conflito: Dahrendorf, Collins, Mills.
- Teoria da estratificação sexual
- Teoria da estratificação
- Sociologia Política
- Neo-Weberianos: C. Wright Mills, Hans H. Gerth, Parkin, Jessé de Souza.
Teorias da escolha racional ou utilitaristas
Aplicando os pressupostos de Bentham e Mills e como base para a micro-economia, essas perspectivas propõe uma teoria macrossociológica fundada na hipotética escolha racional em auto-interesse. As ideias subjacentes são que os indivíduos agem por interesses próprios e possuem consciência das alternativas e suas consequências. O cálculo de ganhos e perdas definiriam o comportamento social.
- Teoria das trocas (exchange theory) Homans, Blau, Emerson, Gray
- Teoria da escolha racional (rational choice theory)
- Teoria de redes: Granovetter, Wellman, Burt, Mizurchi
- Teoria da legitimidade e teoria da característica do status: Berger, Zelditch, Ridgeway
- Ator-rede e vida social das coisas: Bruno Latour, Appaduraj
- Teoria dos jogos e dilema do prisioneiro
- Teoria econômica da democracia
- Coalização do mínimo vencedor: Riker
- Debate sobre a Justiça distributiva, Rawls, Nozik, Young, Buchanan e a escolha pública
- Assimetria das informações: Douglass North
- Teoria da solidariedade
Teorias funcionalistas ou durkheimianas
Família de teorias herdeira de Montesquieu, Comte, Spencer, Durkheim e Mauss. Esses autores clássicos foram reinterpretados por Talcott Parsons e Robert K. Merton. Para esses neo-funcionalistas a sociedade seria um sistema de peças interligadas funcionando em harmonia para manter um estado de equilíbrio social. Cada instituição social existe porque possui seu papel: a família serve para reprodução, alimentação, proteção e socialização de seus membros; o direito serve para proteger os fracos contra a voracidade dos mais fortes, evitar a violência e garantir uma paz social mínima; a política existe porque permite o convívio mais ou menos organizado de interesses comuns e a legitimação do poder. A sociedade não necessariamente será harmônica, mas haverá vestígios de instituições que outrora foram funcionais além de funções e disfunções latentes.
- Neofuncionalismo: Alexander, Colomy, Münch, Smelser.
- Culturalismo e Teoria tridimensional do Direito: Reale
- Teoria do capital social: Bourdieu
- Ritual e estratificação: Bernsstein, Mary Douglas, Collins
- Interações rituais e dramaturgia: Erving Goffman
- Sociologia da ciência durkheimiana: Hagstrom, Bloor
- Sociologia das emoções: Scheff
- Teoria das dimensões da cultura: Hofstede
Teorias micro-interacionistas
Nesse paradigma, o fundamento da sociedade seria um processo contínuo de interações que ocorrem em um plano simbólico. As percepções subjetivas, a comunicação, os canais, os significados, os papéis sociais, as identidades e a auto-consciência moldam a realidade. Essas teorias receberam influências do pragmatismo e semiologia de Charles Sanders Peirce e da sociologia simbólica de George Herbert Mead. Suas principais vertentes são:
- Interacionismo simbólico: C.H.Cooley, W.I. Thomas e Herbert Blummer, Heise, Stryker, Denzin.
- Sociologia fenomenológica de Alfred Schutz, Harold Garfinkel e Erving Goffman, Zimmerman.
- Construção Social da Realidade: Leon Fastinger, Phillip Zimbardo
- Teoria do serviço, das ocupações e profissões: Hughes
- Teoria dos papéis
- Análises de conversação
- Sociologia cognitiva
SAIBA MAIS
COLLINS, Randall. Quatro Tradições Sociológicas. Tradução de Raquel Weiss. Petrópolis: Vozes, 2009.
Em inglês, alguns slides ilustrativos: