
Por vezes um livro é tido como um objeto sagrado, cujas páginas não podem ser maculadas. Por outro lado, o ser humano sempre descobre funcionalidades de meios de comunicação sob dos olhares censuradores.
As margens de um manuscrito latino do século IX, contendo um comentário de Cassiodoro sobre os Salmos, contêm este curioso bate-papo em gaélico irlandês entre dois monges copistas em algum monastério da Europa continental.
No silêncio do escritório dos copistas, dá para imaginar dois monges repassando a mesma folha:
“Está frio hoje.”
“Isso é natural: é inverno.”
“A lâmpada tá com uma luz ruim.”
“É hora de começarmos a fazer algum trabalho.”
“Bem, este pergaminho está bem pesado!”
“Bem, eu chamo esse pergaminho de fino!”
“Sinto-me bastante desmotivado hoje. Não sei o que há de errado comigo”.
Certamente, quando o monge supervisor verificasse o trabalho deles e notasse essas anotações, iriam responder candidamente que eram glosas eruditas.
A preguiça move o mundo.
FONTE
Kuno Meyer, “Neu aufgefundene akirische Glossen,” Zeitschrift fiir celtische Philologie, viii (1912), pp. 173-7. Citado em Metzger, Bruce M.; Ehrman, Bart D. The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration. 4a ed.; Oxford: Oxford University Press, 2005, p. 32.
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não entendi nada .
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É o registro de um bate-papo que ficou nas margens de um manuscrito.
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