A Psicologia do Desenvolvimento

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A Psicologia do Desenvolvimento investiga as transformações e transições que ocorrem desde o nascimento até a velhice. Entretanto, o foco é no crescimento e na maturação.

As áreas estudadas são o desenvolvimento cognitivo, social, moral, psicomotor, sexual, existencial, de identidade e de personalidade.

O conhecimento produzido pela psicologia do desenvolvimento encontra aplicações além da psicologia, como na educação e na pediatria. E obviamente, são conhecimentos valorizados por quaisquer pais.

TEORIAS

Vários métodos (empíricos ou analíticos) e orientações teóricas fundamentam a pesquisa e aplicação da psicologia do desenvolvimento.

  • Teorias psicodinâmicas ou psicanalíticas utilizam fatores do inconsciente e das emoções para o desenvolvimento da personalidade. O comportamento resume-se a uma mera expressão simbólica dessas tensões interiores. Sigmund Freud (1856–1939), Anna Freud (1895–1982) e Erik Erikson (1902–1994).
  • Teorias cognitivas e construtivistas partem do pressuposto de que as crianças constroem ativamente sua concepção de mundo através de estágios de desenvolvimento. Inicialmente proposto por Jean Piaget (1896–1980), Maria Montessori (1870-1953) e Lawrence Kohlberg (1927–1987).
  • Teorias cognitivas socioculturais ou teorias do ensino desenvolvimental russo enfatizam o desenvolvimento da capacidade analítica, da linguagem e das relações sociais. O autor mais conhecido no ocidente foi Lev Vygotsky (1896–1934), mas também são notórios os trabalhos de Lev Leontiev (1903-1979) e Alexander R. Luria (1902- 1977).
  • Teorias comportamentalistas e sócio-cognitivas propõem continuidade em invés de estágios de desenvolvimento e associa um dado comportamento com experiências relacionadas. Seus expoentes são John B. Watson (1878 – 1958), B. F. Skinner (1904–1990) e Albert Bandura (n.1925). Enquanto o behaviorismo (comportamentalismo) enfoca o condicionamento estímulo-resposta, a teoria sócio-cognitiva centra-se na socialização como influência no desenvolvimento.
  • Teorias neuromaturacionistas correlacionam o comportamento e cognição com as transformações somáticas, principalmente neuromotoras. Iniciada por G. Stanley Hall (1844-1924), teve como expoente Arnold Gesell (1880-1961). Investiga a normalidade e anormalidade conforme um plano desenvolvimental descrito com bases empíricas. Questões ambientais e internas são igualmente importantes.
  • Teorias etológicas pelas quais as primeiras experiências seriam importantíssimas para guiar o desenvolvimento posterior. A primeira impressão (cunhagem, imprinting ou estampagem) é o que fica. Considera aspectos biológicos e evolucionários do desenvolvimento humano. O etólogo Konrad Lorenz (1903 – 1989) e seus patinhos são célebres.
  • Teorias ecológicas enfocam nas interações dos fatores biológicos e sociais explicariam o desenvolvimento. Proposta por Urie Bronfenbrenner (1917– 2005) que divide o ambiente em cinco sistemas: micro-, meso-, exo-, macro- e cronossistema.

Essas teorias emergiram das inquirições do desenvolvimento humano. Por isso, são complexas por abordar tópicos diversos com resultados e perspectivas às vezes descontínuos e mesmo contraditórios. Contudo, quando usadas de forma crítica e ecleticamente, abrangem nuances de algum fenômeno do desenvolvimento que uma só teoria não conseguiria explicar.

DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO

A partir da fertilização a vida uterina se desenvolve em fases germinal, embrionária e fetal. O ser humano é um dos poucos primatas que não nasce totalmente autônomo, ainda que esteja fisiologicamente pronto para a vida extra-uterina.

Essa dependência social para garantia de sua sobrevivência coincide com uma fase neonatal. Nesa fase o comportamento resume-se a reflexo a estímulos e aos instintos básicos de sobrevivência.

Esse reflexos primitivos compreendem:

  • Reflexo de Moro
  • Sucção reflexa
  • Reflexo de busca
  • Reflexo tônico-cervical assimétrico
  • Preensão palmar
  • Preensão plantar
  • Apoio plantar
  • Marcha reflexa
  • Reflexo de Galant
  • Reflexo da escada ou de colocação (placing)

Na infância o crescimento celular, neurológico e hormonal transformam o corpo. A fase de crescimento e maturação continua até a fase adulta.

Depois de um platô na vida adulta, inicia a senescência, com o envelhecimento celular, perda de matéria fisiológica.

Como os (tristes) casos de crianças ferais atestam, o desenvolvimento fisiológico por si só não garante um pleno desenvolvimento funcional do ser humano. Fatores de socialização, afeto e estímulos intelectuais são integrais e refletem no desenvolvimento biológico, enfim, pleno do ser humano.

TIPOS DE DESENVOLVIMENTO

Há vários percursos (nem sempre coincidentes entre si) no desenvolvimento da pessoa.

  • Desenvolvimento cognitivo. Notoriamente estudado por Piaget, Vygostky e Rochel Gelman. Visa determinar como ocorrem os processos de inteligência, percepção, memória, comunicação, dentre outros.
  • Desenvolvimento moral, de personalidade e identidade. Freud, Jung, Erikson, Kohlberg dedicaram a compreender como nos tornamos únicos e com quais parâmetros empregamos para valorar e orientar nossos comportamentos.
  • Desenvolvimento motor e sexual. A combinação de maturação interna e resposta a estímulos ambientais influeciam na formação da corporalidade.
  • Desenvolvimento emocional. As relações com os provedores de cuidado imediato, como os pais, influenciam a maturação emocional, como estudam John Bowlby, Mary Ainsworth, Diana Baumrind e Albert Bandura.

PESQUISA E APLICAÇÃO

A Psicologia Desenvolvimental emprega os métodos típicos de pesquisa em psicologia. Contudo, há elementos complicadores de redobrado cuidado ético, visto a impossibilidade de as crianças não serem legalmente capazes de darem um consentimento livre e informado. Assim, casos clínicos, estudos de casos, observações de grupo, estudos experimentais controlados, grupo de foco, etnografia dentre outros métodos informam esse campo de investigação.

De forma aplicada, a Psicologia do Desenvolvimento serve para mensurar o ensino e desenvolvimento infanto-juvenil, criar métodos didáticos mais eficazes, em suma compreender como os estudantes aprendem. Além de suas aplicações na pedagogia e na psicopedagogia, há utilidade na psicologia e psiquiatria clínica, no aconselhamento das transições das fases da vida, desde crise de identidade até o luto. O caráter interdisciplinar dessas teorias é importante para a pediatria, oferecendo parâmetros para o acompanhamento do desenvolvimento da pessoa.

SAIBA MAIS

SANTROCK, John W. Child Development. Nova Iorque: McGraw-Hill, 2001.

LONGAREZI, Andréa Maturano, VALDÉS PUENTES, Roberto. Ensino desenvolvimental: vida, pensamento e obra dos principais representantes russos. Uberlândia: Edufu, 2013.

Psico, o quê?

Estudos clássicos da psicologia

Os estágios morais de Kohlberg

Erik Erikson: os estágios psicossociais do desenvolvimento

 

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