Nossa forma de governo não copia as leis dos vizinhos; damos antes modelo a alguns do que imitamos a outros. Chamamo-nos uma democracia, porque a cidade é administrada, não por poucos, mas pela maioria.
Mas, se de acordo com a lei, todos são iguais em suas relações privadas, contudo, o homem que, de algum modo se distingue, recebe a preferência na vida pública, não como um privilégio, mas por causa de seus méritos; e, se um homem pode servir ao seu país, a pobreza e a obscuridade não lhe valerão como obstáculos.
A liberdade é o princípio de nossa vida pública;
E na nossa vida quotidiana não vivemos mutuamente desconfiados, e não nos irritamos com nosso vizinho porque vive a seu modo, nem o olhamos com este ar de desaprovação que, por ser inofensivo, não deixa de ser incômodo. Enquanto não nos perturbamos uns aos outros, interferindo em assuntos privados, evitamos infringir as leis, pelo respeito que lhes devotamos.
Péricles. Oração Fúnebre aos Mortos da Guerra do Peloponeso. 431 a.C. Em Tucídides. História da Guerra do Peloponeso. 2:37.