
A engenhosa coletânea de biografias comparativas feita por Plutarco é um gênero que merece ganhar novos títulos. O historiador comparou as vidas de gregos e romanos notáveis em um tom moralista ainda que recheado de anedotas. No Renascimento a tradução das Vidas Paralelas para o latim (e depois outras línguas) era um exercício erudito. Quem sabem alguém se aventura em um nova Vidas Paralelas?
- Fernão Mendes Pinto e Marco Polo foram mercadores europeus que exploraram a Ásia, escreveram suas memórias e, pelo visto, mentiram muito.
- O carioca Francisco de Paula Brito (Sociedade Petalógica) e o francês Alfred Jarry (‘Petafísica) compartilhavam o humor, a sátira contra a superficialidade dos sabichões e inspiraram grandes autores.
- As maravilhas do possível aparecem nas imaginações de Jules Verne e Kurd Laßwitz.
- Em 1926 ocorreu o desaparecimento da famosa autora. Com popularidade que alcançava as massas, até hoje se especula o que realmente aconteceu nas semanas em que Agatha Christie e Aimeé McPherson saíram de cena.
- Algumas vidas paralelas são cruzadas com a ficção. Um filólogo, tradutor e professor que rumou para Portugal foi tanto Antonio Tabucchi quanto o personagem Mundus Gregorius de Peter Bieri, o qual cultiva uma paralela vida de literato desiludido como o personagem Pereira de Tabucchi, só que com sob o pseudônimo de Pascal Mercier.
- Davide Lazzaretti e Antônio Conselheiro sonharam com um reino dos céus na terra e sofreram represálias por isso.
- O príncipe Madoc de Gales e o Mansa anônimo do Mali lançaram-se em uma expedição ao mar ocidental para nunca mais serem vistos.
- Pseudo-Isidoro e Amônio são personagens forjados ou forjadores que viraram históricos? Além deles, Léo Taxil e Constantin Simonides fomentaram teorias de conspiração com suas falsificações.
- Benjamin Franklin e José Bonifácio são mais lembrados por suas contribuições políticas, mas fizeram importantes contribuições científicas.
- Do Zimbábue vieram Johane Masowe e Johane Marange. Ambos passaram por uma experiência religiosa em 1932, peregrinaram como João Batista pela África oriental, seus adeptos (vaPostori) vestem uniformes brancos com os membros masculinos rapando a cabeça enquanto as mulheres cobrem-se com véus.
- E não foram só os Joãos que tiveram trajetórias semelhantes. Os dois Simãos, o Kimbangu e o Toco, foram profetas da Igreja de Jesus Cristo na Terra. Perseguidos e presos pelas autoridades coloniais na África central, formaram movimentos religiosos com grande adesão: o kimbaguismo e o tocoísmo.
- Rosa Egipcíaca e Kimpa Vita tiveram suas experiências religiosas questionadas e suas visões fizeram tremer os poderosos.
- Mazzaropi e o Cantinflas são o camponês rude dos filmes de comédias antigas.
- Os misteriosos Monsieur Chouchani e B. Traven vieram da Europa central para a América Latina. Ocultavam seus passados e seus verdadeiros nomes, mas se firmaram como gênios.
- O poeta com dom extraordinário dom pela palavra, o qual usa para denunciar injustiças e morre de forma misteriosa faz lembrar de Pablo Neruda e do sardo Melchiorre Murenu.
- Os pais das expedições científicas modernas talvez sejam José Mariano da Conceição Veloso e Carl von Linné.
- Os naturalistas viajantes Alexandre Rodrigues Ferreira e Alexander von Humboldt abriram caminhos pela América do Sul para o avanço científico.
- Foram às armas por várias causas, em países diferentes, sobretudo, pela liberdade: José Inácio de Abreu e Lima e Giuseppe Garibaldi.
- Lady Damaris Cudworth Masham e sua relação com John Locke é equiparável com Marie de Gournay e seu envolvimento com Montaigne.
- As trajetórias das livreiras Sylvia Beach e Susanne Bach são similares além das iniciais compartilhadas. Sylvia veio das Américas para Paris enquanto Susanne saiu da Cidade-Luz para as Américas. Ambas utilizaram sua profissão de livreiras para desafiar fascistas e propagar a literatura e o conhecimento.