Esta palavrinha monossilábica, com seus múltiplos significados, é um dos curingas da língua portuguesa. (Outro curinga é o “que”). Entretanto, não precisa ser um jogador arguto para distinguir as funções morfossintáticas do “se”.
Tão versátil, essa palavra pode nem mesmo ter uma função morfológica, sendo uma mera partícula expletiva. Complicou-se? Nem tanto, serve-se somente para realce. Tire-a e o sentido continua o mesmo.
Quando precedido por um artigo, o “se” é um substantivo. Porém, suas funções típicas são as de conjunção e pronome.
Como conjunção, esse monossílabo articula ideias, períodos e orações. Se apresenta uma condição à oração principal, dê-lhe o nome de conjunção condicional. Se fora o suficiente para entendê-la, portanto você já sabe que é uma conjunção causal. Se ainda houver dificuldades, nem por isso desanimou, logo é uma conjunção concessiva. Ou seja, é uma exceção ao curso normal da sequência lógica. Nesses casos, os verbos frequentemente estão no modo subjuntivo e introduzem orações subordinadas. Reflita se usar a conjunção para unir dois verbos, pois indicará que o segundo verbo é o núcleo de uma oração subordinada. Em outras palavras, a conjunção integrante ligou o objeto do verbo “refletir” ao verbo “usar” fazendo dessa última oração uma subordinada substantiva.
Todavia, como pronome, torna-se objeto direto usado como sujeito acusativo, pronome reflexivo, recíproco, indeterminado ou integrante do verbo. Uma situação rara é ser sujeito e objeto ao mesmo tempo. Podem-se escrever o sujeito acusativo assim: como objeto direto do verbo “poder” e sujeito do verbo “escrever”. Não o confunda com a conjunção integrante, pois como objeto normalmente virá em posição de ênclise. Ainda como pronome, pode ser reflexivo quando o sujeito inclui-se na ação do verbo, inclusive como parte integrante do verbo. É fácil distinguir o pronome pessoal recíproco no qual a ação de dois sujeitos age-se mutuamente entre eles.
O complicado é diferenciar o agente da passiva do pronome indefinido ou índice de indeterminação do sujeito. Para o índice de indeterminação do sujeito, precisa-se de paciência. Para esse caso, usa-se os verbos transitivos indiretos, bitransitivos e intransitivos sempre na terceira pessoa do singular. Assim, chega-se ao índice de indeterminação do sujeito. Mas, sempre como transitivo direto, o verbo com o agente da passiva rege-se pelo seu sujeito mesmo na voz passiva.
Entender o comportamento do “se” não é difícil. Seja como partícula expletiva, conjunção ou pronome, considere seu contexto. Tente substituí-la por outra palavra com função semelhante e encontrará seu papel morfossintático.
TABELA DE TESTE E IDENTIFICAÇÃO
Função | Substitua por | |
Substantivo | a coisa | |
Partícula expletiva | ø | |
Conjunção condicional | caso | |
Conjunção causal | porque | |
Conjunção concessiva | embora | |
Conjunção integrante | que | |
Pronome objeto direto | -o, -a | |
Pronome integrante | -me | |
Pronome sujeito acusativo | ele, ela | |
Pronome reflexivo | a si mesmo | |
Pronome recíproco | entre eles | |
Agente da passiva | (voz ativa) | |
Índice de Ind.do sujeito | a pessoa (insira o sujeito) |
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