A antropologia da cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimentos (supply chain, em inglês) é a integração de processos que vai desde o fornecedor até o usuário final, enquanto agrega valor aos produtos e serviços entregues. Assim, a funcionalidade efetiva de uma cadeia de suprimentos depende da rede de intermediários e mediadores — normalmente estranhos entre si. As motivações dos atores em uma rede complexa de cadeia de suprimentos são diversas. Então, como uma cadeia de suprimentos alcança o sucesso? Talvez a antropologia possa esclarecer.

Tradicionalmente, a antropologia econômica visa compreender a produção, distribuição, circulação e consumo de bens tangíveis e intangíveis. Focada em cadeias de suprimentos, a antropologia estuda-as como meios de circulação.

Embora a gestão de cadeias de suprimentos, como disciplina administrativa, seja recente — originando-se da administração e da logística —, a prática é antiga, como nas notáveis cadeias de suprimentos do escambo em sociedades ágrafas, da Rota da Seda, dos radhanitas, do kula, da hawala e do dabbawala, que discutiremos em outras postagens.

Notavelmente, essas redes complexas de suprimento dependem de motivadores que transcendem os interesses individuais. Desse modo, uma análise psicológica ou econômica de cada ator é inviável. Propostas reducionistas sobre a motivação coletiva de toda uma cadeia de suprimentos — como “todo mundo sai ganhando”, reciprocidade e obrigação, mera relação de compra e venda entre indivíduos ou coerção — não são plausíveis, pois os ganhos podem (e às vezes são) ser desiguais, e os compromissos frequentemente não são honrados.

A teoria de ator-rede (Actor-Network Theory), formulada pelos sociólogos Michel Callon e Bruno Latour, serve para explicar as motivações coletivas em uma cadeia integrada de suprimentos. Latour afirma que a tecnologia é a sociedade tornada duradoura e que uma rede não é composta de meros nós (atores) e ligações, mas de atores que são, em si, redes. A parte controversa dessa teoria é que até mesmo agentes não humanos assumem o caráter de atores. A transmissão ocorre através da rede por meio de tradução/transformação, na qual cada entidade atribui um papel à outra.

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