“O que é verdade?” retrucou Pilatos. João 18:38.
Poucos concordam com aquilo que seja a verdade, mas todos detestam serem vítimas de inverdades. Depois desse truísmo, vemos aqui algumas teorias epistemológicas que conceituam a verdade:
- Teoria da correspondência: Imagine um mapa que reflete com precisão as características geográficas de uma paisagem. Segundo a teoria da correspondência, um enunciado ou representação é como o mapa — é verdadeiro se representa ou corresponde com precisão às características da realidade, assim como o mapa representa o terreno real. Essa teoria da correspondência da verdade é associada com o realismo metafísico.
- Teoria pragmática da verdade: Pense em uma ferramenta em uma caixa de apetrechos. A verdade de uma declaração, de acordo com a teoria pragmática, é como a utilidade da ferramenta — é verdadeira se ajuda a alcançar objetivos práticos ou resolver problemas de forma eficaz, independentemente de corresponder ou não a uma realidade objetiva. É associada ao idealismo, ao antirrealismo ou ao relativismo porque se concentra no impacto das crenças na experiência humana, em vez da realidade objetiva.
- Teoria coerentista: Imagine um quebra-cabeça em que cada peça se encaixa perfeitamente com as outras. A teoria coerentista considera a verdade como a consistência interna de um conjunto de crenças, assim como as peças de um quebra-cabeça se coadunam ou se encaixam para formar uma imagem coerente, mesmo que essa imagem não corresponda necessariamente a uma realidade externa. É associada ao idealismo, ao antirrealismo ou ao relativismo porque enfatiza a consistência interna das crenças, em vez de sua correspondência com uma realidade externa.
- Teoria verificacionista: Considere um cientista conduzindo experimentos para verificar uma hipótese. Na teoria verificacionista, a verdade é determinada pela verificação empírica — é verdadeira se puder ser confirmada por observação ou experimentação, semelhante a uma hipótese científica considerada verdadeira quando apoiada por evidências empíricas. É associada ao idealismo, ao antirrealismo ou ao relativismo porque se baseia em evidências empíricas, em vez de correspondência com uma realidade objetiva.
- Teorias deflacionárias da verdade: A verdade seria um conceito redundante ou vazio e que não existe uma teoria substantiva da verdade a ser dada. Em vez disso, a verdade é simplesmente um dispositivo para afirmar ou endossar declarações sem ter que repetir o seu conteúdo. Pense na verdade como um balão desinflado — o que resta quando você remove o ar. As teorias deflacionárias sugerem que a verdade é um conceito que não adiciona conteúdo substancial além do que pode ser capturado por noções mais específicas como coerência ou verificação. Não são necessariamente associadas ao antirrealismo e muitas vezes se concentram em reduzir a complexidade da verdade.
- Teoria do consenso ou convencionalismo: A verdade seria uma questão de acordo ou consenso entre um grupo de pessoas. Uma afirmação é verdadeira se for aceita ou acordada por uma comunidade ou sociedade. Na hora de decidir a melhor pizzaria da cidade, cada um tem o seu lugar preferido, mas depois de discutir e comparar as diferentes opções, um grupo de amigos concorda que a “Pizza da Mama” é a melhor escolha. Segundo a teoria do consenso, a verdade sobre a melhor pizzaria é determinada pelo acordo coletivo do seu grupo de amigos. Embora as preferências individuais possam variar, o consenso do grupo estabelece “Mama’s Pizza” como a verdade acordada. Este exemplo mostra como a verdade pode ser moldada pelo consenso entre um grupo social mais pequeno, como o seu círculo de amigos, com base em experiências e discussões partilhadas. Está associado a uma metafísica anti-realista e de construtivismo social.
- Teoria da identidade: Imagine uma impressão digital que coincide perfeitamente com a marca deixada em uma cena do crime. Segundo a teoria da identidade, uma declaração é verdadeira se corresponder exatamente a um fato ou estado de coisas no mundo, assim como uma impressão digital corresponde a uma amostra conhecida. É mais unívoca que uma teoria de correpondência, a qual permite enquadramentos por analogia. Não é necessariamente associada ao antirrealismo porque afirma a existência de verdades objetivas.
- Teoria do Criador de Verdade: Pense em uma chave que se encaixa perfeitamente em uma fechadura. A teoria do criador de verdade sugere que a verdade depende da existência de criadores de verdade, assim como uma chave é necessária para que uma fechadura seja aberta. O criador de verdade é o que torna uma declaração verdadeira, assim como a chave é o que faz a fechadura abrir. Às vezes é vista como concorrente da teoria da correspondência, mas também pode ser vista como uma versão mais liberal dela.
- Pluralismo: Considere uma receita de um prato com vários ingredientes. O pluralismo vê a verdade como incorporando vários elementos, como correspondência, coerência e pragmatismo, assim como uma receita combina diferentes ingredientes para criar um prato primoroso. Cada ingrediente contribui para o sabor geral, assim como cada perspectiva contribui para nossa compreensão da verdade.


Este post dará boas aulas, com as devidas referências e verdades.
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Obrigado
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