“Eles deliberadamente ignoram este fato, que pela palavra de Deus os céus existiram há muito tempo e a terra foi formada da água e por meio da água, através da qual o mundo daquela época foi inundado com água e pereceu.” 2 Pedro 3:5-6
As Escrituras Hebraicas ou o Antigo Testamento cristão possuem um conjunto de cosmogonias ou narrativas de criação. Apesar de Gênesis 1 ser a cosmogonia mais conhecida, outras estão presentes na Bíblia. Estas são as mais notórias:
- Gênesis 1:1-31, 2:1-3
- Gênesis 2:4-25
- Jó 38
- Salmos 104
- Salmos 33:6-9
- Salmos 74:12-14
- Salmos 89:8-12
- Provérbios 8:22-31
- 2 Pedro 3:5-6
Em comum essas cosmogonias combinam diferentes motivos literários. São eles: a criação pela vitória na batalha contra o mal ou caos primevo representado pelas águas ou seus monstros; a criação por comando da palavra divina e a criação mediante a artesania.
Esses diferentes recursos literários faziam parte do repertório cultural do Antigo Oriente Médio e dos hebreus. Contudo, na narrativa bíblica adquirem uma singularidade exemplar.
Nas cosmogonias bíblicas o Deus Yahweh não seria mais um dos deuses sujeitos à ordem divina, mas ele próprio criador dessa ordem. Seu comando representaria sua ordem criadora e sustentadora da criação por sua palavra ou oráculo. Tal conceito influenciaria a teologia do Logos no período do Segundo Templo, especialmente nas teologias de Filo de Alexandria e do cristianismo. O caos maligno é subjugado pelo bem de modo cíclico na história no chamado Chaoskampf. Entretanto, na narrativa bíblica, Deus, sempre onibenevolente, sem haver um universo amoral no qual os deuses agiriam ao bel-prazer, é movido pela bondade na criação. Adicionalmente, sua vitória sobre o mal é absoluta e eterna. Por fim, há uma dignidade humana única: o ser humano é criado não para o serviços dos deuses, mas para partilhar da imagem e semelhança. O sétimo dia como dia de descanso não possui paralelos inequívocos em outras cosmogonias.
E, o mais peculiar, não é uma teogonia. Em outras palavras, não relata a origem de Deus ou da ordem divina.
As cosmogonias foram compostas e usadas para o culto. Assim, não surpreende que a maioria delas ocorram em textos explicitamente poéticos, como os Salmos, ou para a recitação sinagogal ou do templo, como as versões de Gênesis. Assim, salientam a soberania divina sobre toda a criação, a qual é vista como moral: e era bom.
Nas traduções, muito das nuances são perdidas. Por arbítrio de tradutores e editores, dá-se a impressão de uma lisura textual. Assim, vários trocadilhos perdem-se, como Adam – homem, humanidade – e adamah – terra, solo. Adicionalmente, são perdidas as referências às prosopopeias, as personificações do mal (como no abismo e nos monstros marinhos) ou da sabedoria que acompanham a criação. Por isso, ofereço uma tradução o mais literal possível, retendo os nomes próprios entre colchetes e em itálico as alusões ao comando divino.
Os nomes em colchetes referem-se a:
- Yahweh é o deus dos hebreus, conforme se apresenta na teofania da sarça ardente a Moisés. (Êxodo 3:13-15). Por uma prudência pia de evitar de tomar o nome de Deus em vão, no período do Segundo Templo surgiu o hábito de trocar o tetragrama sagrado (YHWH) por Adonai, ou Senhor, quando lido em voz alta. Deus ou Elohim é a deidade máxima e universal das religiões abraâmicas e identificado como Yahweh.
- Davar, Dibur, Memra, Logos: é a manifestação da palavra, comando ou oráculo divino que cria e sustenta o universo mediante a fala ou a nomeação. Como na cosmovisão hebraica, várias tradições (chinesas, indianas, mesopotâmicas, egípcias, gregas) possuem uma matriz metafísica na qual desenrola a existência. Dibur (discurso) e Davar (coisa, a matéria) têm origem na mesma raiz DBR. Nas religiões abraâmicas essa ordem primordial é a própria revelação divina ou sua palavra.
- Ruaḥ: originalmente, vento; depois, houve uma ampliação semântica para fôlego, espírito. Em diversas partes da Bíblia aparece como empoderador e agente da ação divina, que comunica e transforma os atributos das criaturas. O cristianismo tende a ver a Ruaḥ associado à Ḥokmah, Sophia, a sabedoria divina, ou à Shekinah, a glória divina.
Tohu wa-Bohu é uma expressão que indica algo indefinido, amorfo e caótico. Essa rara locução aparece em Gênesis 1:1; Isaías, 34:11 e Jeremias 4:23. As derivações desses termos, Tohu para Tehemot, Bohu para Behemot, são cognatos às personificações. Tehemot é o abismo primordial, as águas profundas que envolvem o universo e as águas salgadas do mar revolto. O Behemot poderia ser simplesmente a designação do hipopótamo (por exemplo, em Jó 42:15-24), mas nas narrativas de batalha contra o caos, é um dos monstros que representam o maligno e a desordem representados pelas águas caóticas. O vácuo ou a noção de vazio era desconhecida entre os antigos hebreus e, de fato, somente alguns filósofos atomistas gregos mais tarde desenvolveriam o conceito.
- Outros monstros marinhos que representam os inimigos cósmicos são o Yam, ou o mar, o Tannin, dragão (por vezes vertidos como baleia) e o Leviatã, a besta já de velha fama.
A ordem da disposição dos textos forja um contexto que influencia a leitura. Assim, nas maiorias da Bíblias impressas – por razões redacionais, editoriais ou outro motivo qualquer – a cosmogonia de Gênesis 1 aparece como o primeiro conteúdo textual. Sua linguagem cadencial e majestosa justifica sua função de prólogo à toda a Bíblia. Todavia, ao fazer um rearranjo sinóptico ou em harmonia entre os trechos cosmogônicos, temos uma visão mais ampla daquilo que para os antigos israelitas era narrativa de criação. E é uma versão harmonizada que oferecemos aqui.
Prólogo: Adoração
1Yahweh reina!
Vestiu-se de majestade;
Yahweh vestiu-se,
e cingiu-se de força.
O mundo permanece firme, inabalado.
2Teu trono firma-se desde a antiguidade;
tu existes desde a eternidade.[1]
1Bendiga Yahweh, ó minha alma!
Yahweh, meu Deus [Elohai], tu és tão grandioso!
Estás vestido de majestade e esplendor.[2]
4Os céus pertencem a ti, como a terra.
Tu fizeste a terra e tudo que ela contém. [3]
4Essas são as gerações dos céus e da terra quando eles foram criados
no dia quando Deus [Elohim] Yahweh fez a terra e os céus.[4]
1No princípio de […] Deus [Elohim] criou os céus e a terra. [5]
A Sabedoria [Ḥokmah, Sophia] participa da criação

22Yahweh formou-me no princípio de suas obras,
antes de seu caminho, antes de suas obras da antiguidade.
23Desde a eternidade fui formada,
desde o princípio, antes de a terra [existir].
24Quando não havia o Abismo [Tehomot] nasci,
quando não havia fontes transbordando de Água,
25antes que as montanhas fossem montadas
antes das colinas — nasci,
26antes que ele fizesse a terra e seus campos,
ou o solo [do pico] mais alto do mundo.
27Quando ele estabeleceu os céus, eu estava lá;
quando ele demarcou o horizonte sobre a face do Abismo [Tehomot],
28quando ele estabeleceu as nuvens acima,
quando ele garantiu as fontes do Abismo [Tehomot],
29quando ele deu ao mar o seu decreto,
para que as águas não passassem por cima de seu comando,
quando ele marcou os fundamentos da terra,
30 então eu estava ao lado dele como uma artesã mestre,
e eu era o deleite dele dia após dia,
regozijando-me diante dele o tempo todo,
31regozijando-me na parte habitável de sua terra,
e deleitando-me nos filhos do homem.[6]
4onde tu estavas quando eu estabeleci os fundamentos da terra?
Diga-me, se tu possuis entendimento.
5Quem demarcou – se tu sabes –
ou quem esticou uma linha de demarcação através dela?
6 Em que foram estabelecidas as bases,
ou quem lançou sua pedra angular?[7]
Luta contra as águas dos Caos

2E a terra estava amorfa [Tohu] e vazia [Bohu],
e a escuridão estava sobre a superfície do Abismo [Tehomot],
mas o Espírito [Ruaḥ] de Deus [Elohim]
estremecia sobre a superfície das águas.[8]
3As águas subiram, ó Yahweh,
as águas rugiram como trovão,
as águas levantaram ondas impetuosas.
4Mais poderoso que o estrondo dos mares,
mais poderoso que as ondas que rebentam na praia,
mais poderoso que tudo isso é Yahweh nas alturas.
5Teus preceitos soberanos não podem ser alterados;
teu reino, Yahweh, é santo para todo o sempre![9]
1Naquele dia,
Yahweh, com sua espada
severa, longa e forte,
castigará o Leviatã, serpente veloz,
o Leviatã, serpente tortuosa;
matará o Monstro [Tannin] Marinho.[10]
Ele repreende o mar [Yam] e o faz secar;
ele faz todos os rios secarem. [11]
12Pelo seu poder ele acalma o mar [Yam];
por sua sabedoria, ele despedaçou Rahab.
13Ao seu Sopro [Ruaḥ] adornou os céus;
sua mão perfurou a serpente furtiva.[12]
9Acorde! Acorde!
Veste-te com força, ó braço de Yahweh!
Acorde como nos tempos antigos, como na antiguidade.
Tu não esmagaste a Rahab?
Tu não [feriste] o Monstro Marinho [Tannin]?
10Não secaste o mar [Yam],
as águas do grande Abismo [Tehomot]?[13]
12Mas Deus [Elohim] tem sido meu rei desde os tempos antigos,
realizando atos de libertação na terra.
13Destruíste o Mar [Yam] com a tua força;
despedaçaste as cabeças do Monstro Marinho [Tannin] na água.
14Esmagaste as cabeças do Leviatã;
Tu o alimentaste aos habitantes do deserto.[14]
O comando [Palavra, Dibur, Logos] e ação divinos criam e sustentam a criação
A criação do sol. Michelângelo. Capela Sistina.
6 ela Palavra [Dibur] de Yahweh os céus foram feitos,
e pelo Sopro [Ruaḥ] de sua boca todas as hostes estreladas.
7 Ele empilha as águas do mar;
ele coloca os Oceanos [Tehemot] em armazéns.
8 Tema toda a terra a Yahweh.
Todos os que vivem no mundo admirem-No.
9 Pois ele falou,
e isto [a criação] foi feito.
Ele ordenou,
e isto [a criação] subsiste. [15]
3 E Deus [Elohim] disse: “haja luz.” E houve luz! 4 Deus [Elohim] viu que a luz era boa, então Deus [Elohim] separou entre a luz as trevas. 5 Deus [Elohim] chamou a luz de “dia” e as trevas de “noite”. E houve a tarde e a amanhã: o primeiro dia.
6E Deus [Elohim] disse: “haja uma extensão no meio das águas e que ela separe entre as águas e águas.” 7Então Deus [Elohim] fez a extensão e separou entre as águas abaixo da extensão e as águas acima da extensão. E foi assim. 8Deus [Elohim] chamou a extensão de “céu”. E houve a tarde e a manhã: o segundo dia.
9 E Deus [Elohim] disse: “ajuntem-se as águas sob os céus em um lugar e apareça o seco.” E foi assim. 10 Deus [Elohim] chamou o seco de “terra” e as águas ajuntadas ele chamou de “mares”. E Deus [Elohim] viu que era bom. [16]
8Quem trancou o mar com portas
quando irrompeu, saindo do útero,
9 quando pus as nuvens por sua vestidura,
e escuridão espessa por envolvedouro,
10 quando lhe medi pelo meu decreto,
e coloquei seus trincos e portas,
11 quando eu disse:
‘Para aqui tu podes vir e não mais adiante,
aqui suas ondas orgulhosas serão confinadas’?
14A terra molda-se como argila sob um selo;
eles se põem como uma roupa. [17]
15Abriste a fonte e o riacho;
secaste rios que fluem perpetuamente. [18]
5 ainda nenhuma planta silvestre nem grãos haviam brotado na terra, pois Deus [Elohim] Yahweh ainda não tinha mandado chuva para regar a terra e não havia homem [Adam] que a cultivasse. 6 Mas do solo brotava água, que regava toda a terra. [19]
11E Deus [Elohim] disse: “produza a terra vegetação: plantas que produzam sementes e árvores frutíferas (cuja semente [esteja] nelas) de acordo com seus tipos.” E foi assim. 12A terra produzia vegetação – plantas que produziam sementes de acordo com seus tipos e árvores frutíferas (cuja semente [esteja] nelas) de acordo com seus tipos. E Deus [Elohim] viu que era bom. 13 E houve a tarde e a manhã: o terceiro dia.
14 E Deus [Elohim] disse: “haja luzes na extensão dos céus para separar entre o dia e a noite, e que sejam sinais para indicar estações, dias e anos, 15 e eles foram como luzes na extensão dos céus para iluminar a terra.” E foi assim.
16 Deus [Elohim] fez duas grandes luzes – a luz maior para governar o dia e a luz menor para governar a noite. E as estrelas.
17 Deus [Elohim] colocou-as na extensão dos céus para iluminar na terra, 18 para presidir o dia e a noite e separar entre a luz e as trevas. E Deus [Elohim] viu que era bom.
19 E houve a tarde e a manhã: o quarto dia.[20]
16 Estabeleceste o ciclo do dia e da noite;
colocaste a lua e o sol no lugar.
17 Estabeleceste todos os limites da terra;
criaste o ciclo do verão e inverno.[21]
12Sabes as leis dos céus
ou estabeleces seu domínio sobre a terra? [22]
12Tu já em sua vida comandaste a manhã,
ou fizeste o amanhecer conhecer seu lugar,
13 para que apreenda os cantos da terra;
e sacuda os ímpios?
18 Tu já consideraste as vastas extensões da terra?
Diga-me, se tu souber tudo.
19 “Em que direção reside a luz,
e trevas, onde está o seu lugar,
20 que tu podes levá-los às suas fronteiras
e perceber os caminhos para suas casas?[23]
24 Quantos seres vivos que fizeste, ó Yahweh!
Tu demonstraste grande habilidade em fazer todos eles;
a terra está cheia dos seres vivos que criaste.
25 Aqui está o mar profundo e largo,
que fervilha de inúmeras criaturas nadadoras,
coisas vivas, pequenas e grandes.
26 Os navios viajam por lá,
e aqui nada o Leviatã que fizeste para lançar nele. [24]
20 E Deus [Elohim] disse: “Que a água se abunde com abundância [de] seres vivos e que os pássaros voem por cima da terra pela face da extensão dos céus.” 21 Então Deus [Elohim] criava os Monstros Marinhos [Tanninim] e grandes e cada criatura vivente que se move com abundância nas águas, de acordo com sua espécie e todo pássaro alado, de acordo com sua espécie. E Deus [Elohim] viu que era bom. 22 Deus [Elohim] os abençoou e disse: “sejam frutíferos e multipliquem e encham a água dos mares e que os pássaros se multipliquem na terra.” 23 E houve a tarde e a manhã: o quinto dia.
24 E Deus [Elohim] disse: “produza a terra criaturas viventes de acordo com sua espécie: gado, animais rastejantes e animais selvagens, de acordo com sua espécie.” E foi assim.
25 E Deus [Elohim] criou os animais selvagens de acordo com sua espécie, o gado conforme a sua espécie e todas as criaturas que rastejam pela terra conforme a sua espécie. E Deus [Elohim] viu que era bom.[25]
27 Todas as suas criaturas esperam por ti
para fornecer comida regularmente.
28 Tu lhes dás [mantimentos] e elas ajuntam;
tu abres a mão e elas satifazem-se de bens.
29 Quando tu ocultas tua face, elas se perturbam.
Quando tu tiras o fôlego [Ruaḥ] da vida delas,
elas morrem e voltam ao pó.
30 Quando tu envias teu sopro [Ruaḥ] vital,
elas são criadas,
e tu renovas a face do solo.[26]
Criação dos seres humanos

26 Então Deus [Elohim] disse: “Façamos a humanidade [Adam] à nossa imagem, à nossa semelhança, que governe sobre os peixes do mar e os pássaros dos céus, sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todas as criaturas que se movem na terra.”
27 Deus [Elohim] formava a humanidade [Adam] à sua imagem,
à imagem de Deus [Elohim] ele a formava,
homem e mulher ele os formava.[27]
7 Então Deus [Elohim] Yahweh formou o homem [Adam] do pó da terra. Soprou o fôlego [Ruaḥ] da vida em suas narinas e o homem [Adam] se tornou ser vivo. [28]
6Olha, eu sou como a ti em relação a Deus;
também fui moldado do barro.[29]
36Quem colocou a sabedoria [Ḥokmah] no íntimo
ou transmitiu entendimento à mente? [30]
15Ele é quem forma todo coração humano,
e toma nota de todas as suas ações.[31]
8 E Deus [Elohim] Yahweh plantou um jardim no Éden, para os lados do leste e ali colocou o homem [Adam] que havia formado. 9 E Deus [Elohim] Yahweh fez brotar do solo árvores de todas as espécies, desejáveis pela aparência e boa no fruto.
E a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
10 E da terra do Éden nascia um rio que regava o jardim e depois se dividia em quatro braços. 11 O primeiro braço, chamado Pishon, rodeava toda a terra de Havilá, onde há ouro.
12 O ouro dessa terra é de grande pureza; lá também há bdélio e pedra de shoham.
13 O segundo braço, chamado Gihon, rodeava toda a terra de Cuxe. 14 O terceiro braço, chamado Tigre, corria para o leste da terra da Assíria. O quarto braço era chamado de Eufrates.
15 E Deus [Elohim] Yahweh colocou o homem [Adam] no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele, 16 mas Deus [Elohim] Yahweh lhe ordenou: “Coma livremente de cada árvore do jardim, 17exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que dela comer, certamente morrerá”.
18 E Deus [Elohim] Yahweh disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei uma ajudadora, completando-o”.
19 E Deus [Elohim] Yahweh formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu. Trouxe-os ao homem [Adam] para ver como os chamaria e o homem [Adam] escolheu um nome para cada um deles. 20 Deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens. Mas para homem [Adam] não havia uma ajudadora, completando-o.
21 Então Deus [Elohim] Yahweh o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem [Adam] dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. 22 Dessa costela Deus [Elohim] Yahweh fez uma mulher e a trouxe ao homem [Adam].
23 “Finalmente!”, exclamou o homem [Adam].
“Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne!
Será chamada ‘mulher’, pois foi tirada do ‘homem’”.
24 Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só.
25 O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.[32]
28 Deus [Elohim] os abençoou e disse-lhes: sejam frutíferos e multipliquem-se! Encham a terra e submetam-na! Dominem sobre os peixes do mar e os pássaros dos céus e toda criatura que se move na terra.”
29Então Deus [Elohim] disse: “agora te dou toda planta que dá sementes na superfície de toda a terra e toda árvore que tem frutos com sementes. Elas serão suas para alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todos os pássaros dos céus e a todas as criaturas que se movem no chão – tudo o que tem fôlego vivo – a cada planta verde por comida.” E foi assim.
31 E Deus [Elohim] viu tudo o que havia feito – e era muito bom! E houve a tarde e a manhã: o sexto dia.[33]
Epílogo da Criação
2:1Assim, completaram-se os céus e a terra e tudo deles. 2E terminou Deus [Elohim] no sétimo dia sua obra a qual fizera e descansou no sétimo dia de todo o seu trabalho. 3Deus [Elohim] abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois foi o dia em que descansou de toda a sua obra de criação.[34]
11Pois em seis dias Yahweh fez os céus e a terra e o mar e tudo o que neles há, e ele descansou no sétimo dia; portanto, Yahweh abençoou o dia de sábado e o santificou. [35]
31Que a glória de Yahweh [persista] pela eternidade.
Que Yahweh deleite nas suas obras.
32Ele olha para a terra
e ela treme;
ele toca as montanhas
e elas começam a arder. [36]
FONTES
[1] Salmos 93:1-2
[2] Salmos 104:1
[3] Salmos 89:11
[4] Gênesis 2:4
[5] Gênesis 1:1. Também pode ser traduzido: “Quando Deus [ELOHIM] preparava os céus e a terra.” ou “No começo da criação de Deus [ELOHIM] dos céus e da terra.” Céus aqui não significa o espaço do universo, mas o céu visível. No hebraico bíblio eretz – terra – não é o planeta, mas a porção seca do solo ou um país.
[6] Provérbios 8:22-31
[7] Jó 38:4-6
[8] Gênesis 1:2
[9] Salmos 93:3-5
[10] Isaías 27:1
[11] Naum 1:4b
[12] Jó 26:12-13
[13] Isaías 51:9-10a
[14] Salmos 74:12-14
[15] Salmos 33: 6-9
[16] Gênesis 1:3-10. O verbo bara’ pode ser traduzido como formar, preparar, criar. No verso 2 está no perfeito, mas nos versos 22 e 27 aparece no imperfeito.
[17] Jó 38:8-11,14
[18] Salmos 74:15
[19] Gênesis 2:5-6
[20] Gênesis 1:8-19
[21] Salmos 74:16-17
[22] Jó 33:38
[23] Jó 38:12-13, 18-20
[24] Salmos 104:24-26
[25] Gênesis 1:20-25
[26] Salmos 104:27-30
[27] Gênesis 1:26-27
[28] Gênesis 2:7
[29] Jó 33:6
[30] Jó 38:36
[31] Salmos 33:15
[32] Gênesis 2:7-25. Éden é cognato do acadiano edin, edinu, plano, planície, lugar plano.
[33] Gênesis 1:28-31
[34] Gênesis 2:2. Em manuscritos mais antigos que a família textual massorética, como a Septuaginta ou 4QGenk, Deus termina a criação no sexto dia.
[35] Êxodo 20:11
[36] Salmos 104:31-32
Como estudioso da Bíblia e membro da SBL e da ABIB, gostaria de fazer uma crítica do texto que você apresentou a partir de uma perspectiva acadêmica:
Seu texto fornece uma visão geral concisa das cosmogonias ou narrativas da criação encontradas nas Escrituras Hebraicas ou no Antigo Testamento cristão. Você reconhece a presença de várias cosmogonias além do conhecido relato de Gênesis 1 e lista alguns exemplos notáveis. Isso demonstra uma compreensão da diversidade de narrativas da criação dentro do texto bíblico.
A menção da combinação de diferentes motivos literários nessas cosmogonias, como a criação para a vitória sobre o caos primitivo e a criação por meio do comando divino e do artesanato, reflete uma consciência dos diferentes temas e motivos presentes nesses relatos. Também é louvável o reconhecimento do repertório cultural do Antigo Oriente Próximo e dos hebreus como fonte desses recursos literários.
A análise das características únicas das cosmogonias bíblicas, como a representação de Javé como o criador da ordem e a influência desse conceito na teologia do período do Segundo Templo, especificamente na teologia do Logos, mostra uma consciência das implicações teológicas e históricas dessas narrativas.
A ênfase no aspecto moral da criação, com Deus sendo retratado como onibenevolente e a vitória sobre o mal sendo absoluta e eterna, é uma observação válida. Também é notável o reconhecimento da distinta dignidade humana apresentada nessas narrativas, onde os seres humanos são criados para compartilhar a imagem e semelhança de Deus.
A menção do sétimo dia como dia de descanso, sem paralelo claro em outras cosmogonias, é uma observação acurada. Esta característica distintiva é um elemento importante na compreensão do significado teológico do sábado no pensamento bíblico.
Além disso, o reconhecimento de que as cosmogonias bíblicas foram compostas e usadas para adoração e que muitas delas ocorrem em textos explicitamente poéticos ou foram destinadas à recitação em sinagogas ou templos demonstra uma compreensão do contexto religioso e litúrgico em que essas narrativas foram empregadas.
A crítica das traduções é válida, destacando os desafios de captar as nuances e os jogos de palavras presentes no texto hebraico original. A menção de trocadilhos perdidos e referências a personificações do mal ou da sabedoria nas versões traduzidas enfatiza a importância de considerar o idioma original e o contexto cultural ao interpretar esses textos.
Em conclusão, este texto fornece uma visão geral concisa e precisa das cosmogonias bíblicas, incorporando percepções acadêmicas em seus temas, motivos literários, implicações teológicas e contexto cultural. A crítica das traduções e a oferta de uma tradução mais literal como alternativa também demonstram uma compreensão das complexidades de se trabalhar com textos antigos.
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