Os clássicos chineses

Os clássicos chineses constituem um corpo de literatura escrita ao longo de milênios e um dos maiores marcos da civilização chinesa. É grande seu impacto no pensamento, cultura, ética, política e vida social não apenas da China, mas de toda a Ásia Oriental (incluindo Coreia, Japão e Vietnã).

Por séculos, o conhecimento aprofundado dos clássicos confucianos foi um pré-requisito para ingressar na poderosa burocracia erudita. Esses textos — memorizados na juventude — eram frequentemente consultados na vida adulta para diversos fins, como o aprimoramento do estilo literário, a descoberta de verdades morais e a extração de lições práticas da história. Os clássicos abrangem áreas como filosofia, história, poesia, rituais e adivinhação. Foram associados a diferentes escolas de pensamento, com destaque para o confucionismo, o daoísmo e o legalismo.

Canonização e transmissão

A transmissão e canonização desses clássicos foi um processo gradual, longo e complexo. A reverência pelo passado influenciou sua preservação. O uso extensivo dos clássicos pode ter impulsionado o crescimento da impressão com blocos de madeira no século IX e da impressão com tipos móveis no século XII — tecnologias utilizadas desde a dinastia Tang (século VII d.C.). A prática de coletar e reproduzir bibliotecas também garantiram a transmissão da tradição literária.

Confúcio (Kong Fuzi, 孔夫子, c. 551-479 a.C.) é visto mais como um transmissor e editor do que como autor da maioria dos textos mais antigos, que ele utilizou para instruir seus discípulos. Um evento traumático foi a “Queima dos Livros e Enterro dos Eruditos” (焚書坑儒 – Fénshū Kēngrú) sob o imperador Qin Shi Huang no século III a.C., que visava suprimir dissidências, especialmente o confucionismo. Contudo, muitos textos foram preservados ou reconstituídos.

Durante a dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), sob o historiador Sima Qian (司馬遷), seis textos foram inicialmente considerados canônicos: o Livro das Odes, o Livro da História, o Livro das Mutações, o Livro dos Ritos, os Anais de Primavera e Outono e o Livro da Música. Este último, no entanto, pode sequer ter existido como uma obra compilada. Tampouco há cópias remanescentes hoje, além de as referências a ele aparecerem apenas nos comentários mais antigos. Essa lacuna levou à designação de Cinco Clássicos em vez de seis.

O Confucionismo tornou-se a ortodoxia estatal, e os “Cinco Clássicos” foram formalmente estabelecidos como o núcleo do cânone. Mais tarde, durante a dinastia Song (960-1279 d.C.), os eruditos neoconfucionistas, especialmente Zhu Xi, deram proeminência aos “Quatro Livros”, para os quais ele escreveu comentários que se tornaram padrão. Estes se tornaram a base dos exames imperiais para o serviço civil até o início do século XX, servindo como o primeiro grande curso acadêmico para os estudantes antes de se aprofundarem nos Cinco Clássicos.

Mais importante ainda, a China pode se orgulhar de uma tradição cultural ininterrupta baseada na escrita chinesa como uma linguagem – um meio escrito – independente das diferenças dialéticas faladas. À medida que a linguagem literária se distanciava cada vez mais da linguagem falada, ela se tornava menos vital e a literatura naturalmente se voltava para a imitação.

Atualmente, os eruditos da literatura chinesa não se limitam apenas aos Quatro Livros e aos Cinco Clássicos. O termo ching é usado em um sentido popular para abranger uma variedade ampla de antigos textos filosóficos e literários. A tradição postula que haja 100 mil textos chineses que poderiam ser considerados clássicos.

Desde o estudo sistemático dos clássicos na década de 1950, a edição de toda a literatura chinesa ainda está a caminho. Um ditado anedótico é que a publicação de clássicos não será concluída antes de 2080. Por esse motivo, foi proposta a criação de um Museu de Clássicos Chineses para dar visibilidade a esses clássicos.

Os Cinco Clássicos (Wǔjīng – 五經)

Tradicionalmente associados a Confúcio, que os teria compilado ou editado:

  • O Livro das Mutações ou I Ching (易經 – Yìjīng): Um manual de adivinhação baseado em 64 hexagramas, que são figuras formadas por seis linhas (contínuas ou quebradas), representando o yin e o yang. Cada hexagrama possui um nome, um julgamento e comentários sobre suas linhas individuais. Além de seu uso oracular, o I Ching é uma obra de elevada discussão cosmológica e filosófica, explorando os princípios da mudança, do equilíbrio e da interconexão universal. Contém comentários conhecidos como as “Dez Asas” (十翼 – Shí Yì), tradicionalmente atribuídos a Confúcio.
  • O Livro dos Documentos ou Clássico da História (書經 – Shūjīng ou 尚書 – Shàngshū): Uma coleção de discursos, pronunciamentos, conselhos e outros documentos atribuídos a antigos soberanos e ministros das dinastias Xia, Shang e, principalmente, Zhou (c. 1046-256 a.C.). Esses textos exemplificam princípios de bom governo, a importância do Mandato Celestial (天命 – Tiānmìng) e as consequências morais das ações dos governantes. É uma fonte crucial para o estudo da história e do pensamento político chinês primitivo.
  • O Livro das Odes ou Clássico da Poesia (詩經 – Shījīng): A mais antiga antologia de poesia chinesa, contendo 305 poemas que datam do século XI ao VII a.C. As odes incluem canções folclóricas que refletem a vida cotidiana do povo, poemas cerimoniais usados em rituais da corte e hinos dinásticos. Confúcio valorizava esta coleção pela sua capacidade de inspirar a virtude, a sociabilidade e a expressão adequada das emoções.
  • O Livro dos Ritos (禮記 – Lǐjì): Uma coleção de textos que descrevem as formas sociais, rituais da corte, cerimônias e conduta ideal durante a dinastia Zhou. Abrange múltiplos tópicos, desde grandes cerimônias estatais e sacrifícios ancestrais até as minúcias da etiqueta pessoal e da vida familiar. Enfatiza a importância do li (禮) – ritual, propriedade, decoro – como fundamental para a ordem social e o cultivo moral. Dois de seus capítulos, “O Grande Ensinamento” e “A Doutrina do Meio”, foram posteriormente elevados ao status de livros independentes no cânone dos Quatro Livros.
  • Os Anais de Primavera e Outono (春秋 – Chūnqiū): Uma crônica histórica concisa do estado de Lu (terra natal de Confúcio) entre 722 e 481 a.C. Embora seus registros sejam extremamente breves e factuais, a tradição sustenta que Confúcio os editou de tal forma que suas escolhas de palavras e omissões transmitiam julgamentos morais sutis sobre os eventos e personalidades descritas. É frequentemente estudado junto com seus três principais comentários: o Zuo Zhuan (左傳), o Gongyang Zhuan (公羊傳) e o Guliang Zhuan (穀梁傳), que expandem e interpretam seus significados.

Os Quatro Livros (Sìshū – 四書)

Compilados pelo erudito neoconfucionista Zhu Xi (1130-1200 d.C.), tornaram-se o currículo central para a educação confucionista:

  • Os Analectos de Confúcio (論語 – Lúnyǔ): Uma coleção de ditos, diálogos e anedotas de Confúcio e seus discípulos, compilada após sua morte. É a fonte mais importante para compreender o pensamento do próprio Confúcio. Os temas centrais incluem rén (仁 – humanidade, benevolência), (禮 – ritual, propriedade), jūnzǐ (君子 – o homem exemplar ou cavalheiro), a piedade filial (xiào – 孝) e a importância da educação e do autoaperfeiçoamento para a harmonia social e o bom governo.
  • Mêncio (孟子 – Mèngzǐ): Uma coleção dos ensinamentos e conversas de Mêncio (Meng Ke, 孟軻, c. 372-289 a.C.), o mais influente seguidor de Confúcio, também conhecido como o Segundo Sábio. Esta obra, atribuída aos seus próprios alunos e seguidores, é conhecida por sua crença na bondade inata da natureza humana (xìngshàn – 性善), argumentando que as virtudes são inerentes e precisam apenas ser cultivadas. Ele também desenvolveu ideias sobre o governo benevolente, o direito do povo de se rebelar contra a tirania e a importância da justiça ( – 義).
  • O Grande Ensinamento ou A Grande Doutrina (大學 – Dàxué): Originalmente um capítulo do Livro dos Ritos. É um texto curto, mas denso, que delineia um programa sistemático para o autoaperfeiçoamento individual como base para a ordem familiar, o bom governo do estado e, finalmente, a paz mundial. Enfatiza a investigação das coisas, a extensão do conhecimento, a sinceridade da vontade, a retificação da mente e o cultivo da pessoa.
  • A Doutrina do Meio ou O Meio Termo (中庸 – Zhōngyōng): Também originário do Livro dos Ritos e tradicionalmente atribuído a Zisi (孔伋 – Kǒng Jí), neto de Confúcio. Este texto explora o conceito de zhōng (中 – centro, meio) e yōng (庸 – constância, universalidade) como o caminho para alcançar a harmonia com o cosmos e a perfeição moral. Discute a natureza humana em relação ao Céu (天 – Tiān) e a importância da sinceridade (chéng – 誠) para realizar o potencial humano e cósmico.
  • Han Feizi (韓非子 – Hán Fēi Zǐ) – por Han Fei (韓非, c. 280-233 a.C.): Um dos maiores filósofos legalistas da China Antiga e príncipe do estado de Han. A obra Han Feizi é a mais completa e sistemática exposição da filosofia Legalista, defendendo um governo autocrático forte baseado em leis (fa), técnicas administrativas (shu) e poder (shi). Ele argumentava que as instituições políticas devem evoluir com as circunstâncias históricas e que a ordem social é mantida através de recompensas e punições rigorosas, em vez de moralidade ou virtude. Suas ideias tiveram uma profunda influência na unificação da China sob a Dinastia Qin.
  • O Livro do Senhor Shang (商君書 – Shāng Jūn Shū), atribuído a Shang Yang (商鞅, c. 390-338 a.C.): Um proeminente estadista e reformador do estado de Qin, Shang Yang foi uma figura central na escola Legalista. Embora a autoria exata do livro seja debatida, ele reflete as ideias de Shang Yang sobre a construção de um estado poderoso e centralizado. O texto advoga reformas radicais que incluem a padronização das leis, a abolição do sistema feudal, o incentivo à agricultura e ao serviço militar, e a aplicação estrita da lei para todos, independentemente do status social. Suas políticas foram cruciais para o fortalecimento de Qin, pavimentando o caminho para a unificação da China.

Outros clássicos de diferentes escolas:

  • Dao De Jing ou Tao Te Ching (道德經 – Dàodéjīng) – Atribuído a Laozi (老子 – Lao Tsé). Essa figura semi-lendária, cuja existência histórica é disputata. Teria vivido possivelmente do século VI a.C.: O texto fundamental do Daoísmo. É uma obra poética e enigmática composta por 81 capítulos curtos, que expõem a natureza do Dao (道 – Caminho ou Via), o princípio primordial, inefável e imanente que governa o universo. Preconiza a simplicidade, a espontaneidade (zìrán – 自然), a humildade, a não-ação (wúwéi – 無為) – agir em harmonia com o fluxo natural das coisas – e a vida em consonância com a natureza.
  • Zhuangzi (莊子 – Zhuāngzǐ) – Atribuído a Zhuang Zhou (莊周, século IV-III a.C.): Outra obra central do Ddaoísmo, caracterizada por seu estilo literário brilhante, humor, paradoxos e parábolas imaginativas. Zhuangzi questiona as certezas convencionais, enfatiza a relatividade de todas as perspectivas, a liberdade espiritual, a transformação constante e a unidade com o Dao. Explora temas como a inutilidade do útil, o sonho e a vigília, e a transcendência das distinções dualistas.
  • Sutra do Coração (般若波羅蜜多心經 – Bōrě Bōluómìduō Xīnjīng): Um dos sutras budistas mais concisos e amplamente recitados no budismo mahayana. Este breve texto resume a essência da sabedoria Prajnaparamita (Perfeição da Sabedoria), enfatizando o conceito de vacuidade (shunyata) – a ideia de que todos os fenômenos são vazios de existência inerente. Ensina que a compreensão da vacuidade leva à superação do sofrimento e à libertação. É fundamental para a meditação e o estudo budista, servindo como um guia para a iluminação.
  • Preceitos para Mulheres (女誡 – Nüjie), pela historiadora e erudita da Dinastia Han, Ban Zhao (班昭, c. 45-116 d.C.): Este manual ético oferece conselhos às mulheres sobre comportamento, educação e seu papel na sociedade familiar e no casamento. Ainda que reflita as normas sociais patriarcais de sua época, a obra também discorre sobre a importância da virtude, da diligência, da modéstia, do respeito e da submissão para a harmonia familiar e social. Foi um texto influente na educação feminina por séculos na China.

Outros Clássicos da Literatura Chinesa

  • Sonho do Pavilhão Vermelho ou A História da Pedra (紅樓夢 – Hónglóu Mèng) – por Cao Xueqin (曹雪芹, 1715-1764): Considerado o maior romance chinês, é uma complexa saga familiar que narra a ascensão e queda da família Jia, focando nas vidas de seus numerosos membros e criados. É profusa em detalhes da vida aristocrática do século XVIII. Apresenta temas como amor, amizade, o ciclo de prosperidade e declínio, a fragilidade da vida e as complexidades da sociedade chinesa. O romance é célebre por sua profundidade psicológica, realismo social, além da galeria de personagens e estilo poético.
  • Margem da Água ou Foras da Lei do Pântano (水滸傳 – Shuǐhǔ Zhuàn) – por Shi Naian (施耐庵, século XIV): Um dos Quatro Grandes Romances Clássicos da literatura chinesa, narra as façanhas de 108 fora-da-lei que se reúnem no Monte Liang para formar uma força de resistência contra a corrupção do governo da dinastia Song. A obra explora temas como lealdade, irmandade, justiça, rebelião e o contraste entre a moralidade popular e a injustiça oficial. Possui cenas de ação, personagens vívidos e representação da vida do povo comum.
  • Romance dos Três Reinos (三國演義 – Sānguó Yǎnyì) – por Luo Guanzhong (羅貫中, 1330-1400): Outro dos Quatro Grandes Romances Clássicos, este épico histórico ficcionaliza os eventos turbulentos do final da dinastia Han e o período dos Três Reinos (220-280 d.C.). Detalha as lutas pelo poder, as estratégias militares e as maquinações políticas entre os estados de Wei, Shu Han e Wu. O romance é um permeado de táticas militares e sabedoria política. Tornou-se fonte para o retrato de inúmeras figuras históricas e de provérbios.
  • Jornada ao Oeste (西遊記 – Xīyóu Jì) – por Wu Chengen (吳承恩, 1504-1582): Um dos mais populares romances clássicos chineses, narra a lendária peregrinação do monge Xuanzang à Índia para obter sutras budistas, acompanhado por seus três discípulos — o Rei Macaco Sun Wukong, Zhu Bajie (Porco) e Sha Wujing (Areia). A obra é uma alegoria recheada de elementos fantásticos, humor e simbolismo budista. Explora temas como iluminação, superação de obstáculos, redenção e a busca pelo autoconhecionamento.
  • Injustiça Feita a Dou E (竇娥冤 – Dòu É Yuān) – por Guan Hanqing (關漢卿, século XIII): Uma das mais famosas peças de teatro da Dinastia Yuan (Zaju), narra a trágica história de Dou E, uma jovem viúva que é falsamente acusada de assassinato e condenada à morte. A peça é um comovente drama sobre injustiça, corrupção judicial e o sofrimento da mulher na sociedade feudal chinesa. O deux ex machina de fenômenos sobrenaturais revelam a verdade e levam à justiça.
  • Câmara do Oeste (西廂記 – Xīxiāng Jì) – por Wang Shipu (王實甫, c. 1330s-início do século XIV): Um clássico do teatro chinês, este romântico drama aborda a história de amor entre o jovem estudante Zhang Sheng e Cui Yingying, a filha de um ministro, que se encontram em um mosteiro. A peça é celebrada por sua linguagem poética, complexidade psicológica dos personagens e representação de um amor que desafia as convenções sociais e familiares da época.
  • Pavilhão das Peônias (牡丹亭 – Mǔdāntíng) – por Tang Xianzu (湯顯祖, 1550-1616): Uma das obras mais importantes do teatro kunqu, é uma ópera romântica que narra a história de Du Liniang. Essa jovem se apaixona por um homem que vê em um sonho, morre de amor. Posteriormente, ressuscita para encontrar seu amado na vida real. A peça explora temas como o poder do amor que transcende a morte, os sonhos, a paixão e a libertação dos desejos individuais.
  • Clássico dos Mil Caracteres (千字文 – Qiānzìwén): Composto por Zhou Xingsi (周興嗣, c. 470-521 d.C.) no século VI, é um poema didático de mil caracteres chineses únicos, organizado em 250 versos de quatro caracteres, sem repetição. Criado originalmente como um manual para ensinar caligrafia e memorização, abrange uma vasta amplitude de tópicos, incluindo história, astronomia, geografia, ética confuciana, administração governamental e filosofia. É uma ferramenta fundamental na educação chinesa tradicional e um clássico da caligrafia.
  • Contos estranhos de um estúdio chinês (聊齋志異 – Liaozhai Zhiyi), de Pu Songling (蒲松齡, século XVII-XVIII): Uma coleção de contos fantásticos e sobrenaturais da China Qing. A obra reúne centenas de narrativas curtas que exploram o mundo dos espíritos, raposas-fada, fantasmas e demônios, muitas vezes interagindo com humanos. Através dessas histórias, Pu Songling não apenas diverte, mas também faz críticas sociais e políticas sutis. Os contos satirizam a corrupção, a hipocrisia e a rigidez do sistema de exames imperiais, ao mesmo tempo em que aborda temas universais como amor, lealdade e justiça. É uma obra fundamental da literatura fantástica chinesa, fonte de folclore e reflexões filosóficas.

Clássicos de estratégia militar

  • Seis Ensinamentos Secretos (六韜 – Liu-t’ao), atribuído a Jiang Ziya (姜子牙, também conhecido como Tai Gong, século XI a.C.): Considerado um dos Sete Clássicos Militares da China, este tratado é uma compilação de diálogos entre o Rei Wen de Zhou e seu estrategista militar, Tai Gong. Abrange tópicos militares e políticos, incluindo estratégia, tática, administração, economia e a importância de governar com virtude para atrair e manter talentos. Analisa a guerra como um reflexo da ordem social e política.
  • Métodos de Sima (司馬法 – Sima Fa), atribuído a Sima Rangju (司馬穰苴, Período da Primavera e Outono, século VI-V a.C.): Outro dos Sete Clássicos Militares, este texto foca nas regras militares e regulamentos de guerra, bem como na disciplina, organização e ética no campo de batalha. Tem uma ênfase na benevolência e na justiça como fundamentos para a conduta militar. Sugere que a guerra deve ser travada com base em princípios morais e não apenas na força bruta.
  • Wu Zi (吳子 – Wu-tzu), atribuído a Wu Qi (吳起, século V-IV a.C.): Um dos Sete Clássicos Militares, este tratado militar concentra-se na importância do treinamento das tropas, disciplina, logística e as características essenciais de um bom general. Wu Qi argumenta que um exército forte depende de sua coesão, moral e da capacidade de seu líder de entender e motivar seus homens, além de dominar as táticas de batalha.
  • Wei Liao Zi (尉繚子 – Wei Liao-tzu), atribuído a Wei Liao (尉繚, período dos Reinos Combatentes, século IV-III a.C.): Este clássico militar destaca a interconexão entre política, economia e guerra. A força de um estado reside em sua prosperidade econômica e na união de seu povo, não apenas na sua capacidade militar. Discute como usar a força de forma estratégica e a importância de considerar o contexto social e político ao planejar campanhas.
  • Três Estratégias de Huang Shigong (黃石公三略 – Huang Shih-kung San-lueh), atribuído a Jiang Ziya (姜子牙) e supostamente transmitido por Huang Shigong (黃石公, figura semi-lendária): Este texto, um dos Sete Clássicos Militares, é um manual sobre liderança e governação. Seu foco é na arte de comandar e controlar os outros, tanto no campo militar quanto na administração civil. Valoriza a humildade, o planejamento cuidadoso e a manipulação psicológica para obter sucesso.
  • A Arte da Guerra (孫子兵法 – Sūnzǐ Bīngfǎ) – por Sun Tzu (孫武 – Sūn Wǔ, final do Período de Primavera e Outono, c. século VI-V a.C.): Um tratado clássico e atemporal sobre estratégia e tática militar. Destaca a importância do planejamento cuidadoso, do conhecimento do inimigo e de si mesmo, da disciplina, do uso da dissimulação e da inteligência, e da busca pela vitória com o mínimo de combate e perdas possíveis. Seus princípios têm sido aplicados em diversos campos para além do militar, incluindo negócios, gestão e até mesmo na vida pessoal.

SAIBA MAIS

Faurot, Jean L. Gateway to the Chinese Classics: A Practical Introduction to Literary Chinese. San Francisco: China Books and Periodicals, 1995.

Hsia, C. T. The Classic Chinese Novel: A Critical Introduction. Hong Kong: The Chinese University of Hong Kong Press, 2016.

Legge, James. The Chinese Classics — Prolegomena. Project Gutenberg. https://www.gutenberg.org/cache/epub/2941/pg2941-images.html.

Owen, Stephen. Readings in Chinese Literary Thought. Cambridge, MA: Harvard University Asia Center, 1996.

Yates, Robin D. S. Five Lost Classics: Tao, Huang-lao, and Yin-yang in Han China. Classics of Ancient China. New York: Ballantine Books, 1997.

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