As regras básicas para se debater algo controverso em uma democracia:
- Nada ou ninguém estão imunes à crítica.
- Todos os envolvidos em controvérsias têm a responsabilidade intelectual de informar-se acerca dos fatos disponíveis.
- A crítica deve ser dirigida primeiramente às políticas públicas; depois contra as pessoas somente quando são as responsáveis por tais políticas públicas; e contra seus motivos ou propósitos somente quando há alguma evidência independente seu caráter.
- Ainda que certas palavras sejam legalmente permissíveis; elas não são, entretanto, moralmente permissíveis.
- Antes de impugnar os motivos do oponente, mesmo quando legitimamente devam ser impugnados, responda aos seus argumentos.
- Não trate um opositor de uma política pública como se ele fosse um inimigo pessoal, um inimigo do país ou um inimigo oculto da democracia.
- Já que uma boa causa pode ser defendida por argumentos ruins, depois de responder os argumentos ruins da outra parte, então apresente evidência de sua própria posição.
- Não hesite em admitir a falta de conhecimento ou suspender a emissão de um juízo se a evidência não for decisiva a nenhum dos lados.
- Somente na lógica pura e na matemática, não em assuntos humanos, alguém pode demonstrar que algo é estritamente impossível. Considerando que algo é logicalmente possível, não é [necessariamente] — portanto — provável. “Não é impossível” é um prefácio a uma declaração irrelevante sobre os assuntos humanos. A questão é sempre uma que deva ponderar as probabilidades. E as evidências para as probabilidades devem incluir mais que possibilidades concretas.
- O pecado capital, quando buscando pela verdade de um fato ou a sabedoria em uma política pública, é a recusa em discutir ou o ato que impeça a discussão.
HOOK, Sidney. “The Ethics of Controversy”. Em The New Leader Digital Archive. Vol. 37, N.5, February 1954. http://search.opinionarchives.com/Summary/TNL/V37I5P12-1.htm
Sidney Hook (1902 – 1989) foi um filósofo e educador norte-americano. Prominente intelectual público neoconservador e anticomunista, ainda assim tentava conciliar marxismo com o pragmatismo. O comportamento antitético não para aí: apesar desses “dez mandamentos” dos debates em uma democracia, na época condenava o marcathismo, mas aceitava a expulsão de acadêmicos comunistas das universidades. Como visto, de controvérsias entendia bem. No entanto, seus argumentos sobre uma ética de debate permanecem mais que bem-vindos.
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