Namoro de escarrinho
Começou com troca de saliva. E não era beijo. No gramado do jardim do colégio, olhos nos olhos, os rostos a um palmo de distância, os corações batiam tensos. Deitado sobre ela, descia e voltava controladamente dos lábios cerrados de Umberto uma densa linha de cuspe em direção à boca aberta de Marcela.
— Eca!
Apaixonaram-se.
O amor lúdico fez ambos tolerarem a eructação e flatulência mútuas. Apoiavam-se um no outro quando caminhavam bêbados a esmo pelas vielas. Eram belos, mas uma lá não tão bela tornou provisório o compromisso que era para ser eterno.
Primeiro foi ele em um momento de relapso. Depois foi ela em um momento de vingança. Com a mesma pessoinha. Hoje as duas seguem casadas. Marcela, já não é tão bela. Umberto se embebeda sozinho, mas talvez tenha amigos: amanhece cada dia em apartamentos estranhos. Usa roupas emprestadas. Não tem certeza onde mora.
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