Rejeição e recepção de A Revolução dos Bichos

image

ORWELL, George. A revolução dos bichos. Tradução de Heitor Aquino Ferreira. São Paulo: Cia das Letras, 2006.

Mesmo obras brilhantes como A revolução dos bichos de George Orwell (1903-1950) sofrem suas rejeições. Escrita em um período sensível quando Stálin se aliava ao Reino Unido contra a Alemanha nazista, Orwell escutou quatro “nãos” antes de conseguir publicar sua novela crítica ao totalitarismo. Uma das vezes, pelo igualmente célebre autor T.S.Eliot (1888-1965).

A fábula moderna, como Orwell a chamou, retrata uma revolução dos animais contra o opressor fazendeiro. Enquanto os equinos se matam de trabalhar (ou pulam fora do novo regime) e as ovelhas repetem estupidamente chavões políticos, os porcos assumem o governo.

A fazenda revolucionária é um Estado de direito, com sete leis fundamentais:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

Mas, gradualmente, os porcos se apossam do poder e passam a se comportar cada vez mais como os humanos opressores em nome da revolução. Cinicamente, reformam a constituição para:

4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
7. Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.

Eliot escreveu em 13 de julho 1944 em nome de sua firma Faber & Faberwill a carta de rejeição, disponibilizada recentemente pela Biblioteca Britânica. Eliot descreveu os  pontos fortes: “é uma peça distinta de escrita; a fábula é tratada com muita habilidade e que a narrativa mantém o interesse do leitor em si mesma — algo que muito poucos autores conseguiram fazer desde Gulliver”. Porém, “o ponto de vista positivo, que penso ser em geral trotskista, não é convincente … afinal de contas, seus porcos são mais inteligentes do que outros animais e, portanto, melhor qualificados para dirigirem a fazenda, na verdade não poderia ter tido uma revolução dos bichos sem eles, de modo o que seria necessário (alguém poderia argumentar) não seria mais comunismo, mas mais porcos com espírito público”.

Ironicamente, o socialista democrático Orwell (que até mesmo lutara ao lado dos republicanos contra Franco) teve sua obra publicada em 1945 e em seguida difundida por agentes britânicos e americanos contra o regime soviético. Rapidamente a obra conquistou um público em várias línguas, alimentado pelo clima de Guerra Fria. Em 1954 foi lançada uma versão em desenho animado, com um final levemente alterado. Enquanto sátira política, Orwell não faz apologia a regime algum, quer seja o socialismo quer seja o capitalismo, mas sim um protesto contra o autoritarismo totalitário.

SINOPSE

Orwell retrata uma revolução dos animais contra o opressor fazendeiro. Enquanto os equinos se matam de trabalhar (ou pulam fora do novo regime) e as ovelhas repetem estupidamente chavões políticos, os porcos assumem o governo. Gradualmente, os porcos se apossam do poder e passam a se comportar cada vez mais como os humanos opressores em nome da revolução.

Saiba mais:

Filme de 1954

4 comentários em “Rejeição e recepção de A Revolução dos Bichos

Adicione o seu

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Um site WordPress.com.

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: