Liderança Servidora

Liderar é considerar o Outro.

A liderança servidora ou liderança servil é uma filosofia e estilo de liderança que se concentra em servir e capacitar os outros primeiro, em vez dos interesses ou ambições pessoais do líder. Essa abordagem, desenvolvida pelo consultor americano Robert K. Greenleaf (1904-1990), enfatiza o bem-estar e o crescimento dos membros da equipe, levando a uma maior colaboração, confiança e sucesso geral.

Características da Liderança Servidora

1. Empatia: Um líder servo é compreensivo e sensível às necessidades e sentimentos dos outros. Sabem ouvir ativamente e procuram compreender as perspectivas e os desafios dos membros de sua equipe.

2. Altruísmo: Líderes servos priorizam as necessidades de sua equipe sobre seus próprios desejos de ganho ou reconhecimento pessoal. Eles estão dispostos a fazer sacrifícios pessoais pelo bem maior da equipe.

3. Humildade: Esses líderes são modestos e não procuram afirmar sua autoridade ou superioridade sobre os outros. Reconhecem suas limitações e admitem prontamente quando cometem erros.

4. Visão: Apesar do foco em servir aos outros, os líderes servidores ainda têm uma visão clara da organização ou dos objetivos da equipe. Inspiram e orientam seus seguidores para alcançar esses objetivos.

5. Empoderamento: Um líder servo capacita os membros de sua equipe, delegando autoridade e fornecendo os recursos necessários para que tenham sucesso. Confiam em sua equipe para tomar decisões e se apropriar de seu trabalho.

6. Ouvidos: A comunicação eficaz é essencial na liderança servil. Os líderes ouvem ativamente as ideias, preocupações e feedback dos membros de sua equipe, valorizando suas contribuições.

7. Apoio: Os líderes servos apóiam o crescimento pessoal e profissional dos membros de sua equipe. Providenciam treinamento, orientação e oportunidades de desenvolvimento.

8. Ética e integridade: aderem a fortes princípios morais e agem com honestidade e transparência. São consistentes em seu comportamento e tomada de decisão.

9. Administração: Os líderes veem seu papel como administradores dos recursos da organização e trabalham para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo da equipe.

10. Construção da comunidade: lutam para promover um senso de comunidade e colaboração dentro da equipe, enfatizando o trabalho em equipe e o esforço coletivo sobre a competição individual.

11. Liderança pelo exemplo: Os líderes dão um exemplo positivo para sua equipe, incorporando os valores e comportamentos que esperam dos outros.

12. Inclusividade: Tais líderes criam um ambiente inclusivo e diversificado, onde todos se sentem valorizados e respeitados, independentemente de sua origem ou diferenças.

13. Abertura ao feedback: Os líderes servos são receptivos às reflexões retornadas pelos membros de sua equipe e estão dispostos a adaptar sua abordagem com base nos insights que recebem.

14. Paciência: Esses líderes entendem que o crescimento pessoal e organizacional leva tempo e são pacientes ao apoiar o progresso de sua equipe.

Raízes da Liderança Servidora

O conceito de liderança servidora tem raízes antigas, mas foi popularizado e introduzido no mundo moderno por Robert K. Greenleaf na década de 1970. Robert Greenleaf foi um especialista em administração, consultor e autor americano que trabalhou para a AT&T por muitos anos. Criado em ambientes do fordismo, observou que os estilos tradicionais de liderança geralmente enfatizavam uma abordagem de cima para baixo, em que os líderes exerciam autoridade sobre seus subordinados e se concentravam principalmente em alcançar suas próprias metas e objetivos.

Greenleaf argumentava que havia uma maneira mais ética e eficaz de liderar, que enfatizava servir aos outros em vez de buscar o poder por si só. Introduziu o termo “liderança servidora” em seu ensaio intitulado “O servo como líder”, publicado pela primeira vez em 1970. O ensaio marcou o início do movimento moderno de liderança servidora.

Em seus escritos, Greenleaf propôs que os melhores líderes são aqueles que atendem às necessidades de seus seguidores e se concentram em ajudá-los a crescer, prosperar e ter sucesso. Descreveu um líder servo como alguém que prioriza o bem-estar e o desenvolvimento dos membros de sua equipe, cuidando de suas necessidades e fornecendo apoio e orientação.

Princípios da Liderança Servidora

1. O líder é primeiro um servo. Começa com o sentimento natural de querer servir primeiro.
2. O servo primeiro certifica-se de que as necessidades prioritárias dos outros estão sendo atendidas.
3. O sucesso é quando aqueles que são servidos se tornam mais saudáveis, mais livres, mais autônomos e mais sábios e, como resultado tornam-se servos.
4. Um servo só pode se tornar um líder se um líder permanecer um servo.

Liderança servidora na prática

Inicialmente focada em organizações corporativas, a liderança servidora se expandiu em educação, governo, saúde e organizações sem fins lucrativos. Promove a confiança, a colaboração e a tomada de decisões éticas.

Uma ironia é que em contextos mais pobres, hierárquicos e coronelísticos, tal como na cultura organizacional brasileira, o próprio conceito tem sido resistido. Por vezes, até o termo “servant leader” é traduzido como “líder servidor” para não descer do salto alto e o chefe ser igualado a “servo”.

SAIBA MAIS

Greenleaf, Robert K. Servant leadership: A journey into the nature of legitimate power and greatness. New York: Paulist Press, 1977.

Greenleaf, Robert K. On becoming a servant leader. In D. M. Frick & L. C. Spears, Eds.. San Francisco:
Jossey-Bass, 1996.

Russell, R.F. (2001), “The role of values in servant leadership”, Leadership & Organization Development Journal, Vol. 22 No. 2, pp. 76-84. https://doi.org/10.1108/01437730110382631

Russell, R.F. and Gregory Stone, A. (2002), “A review of servant leadership attributes: developing a practical model”, Leadership & Organization Development Journal, Vol. 23 No. 3, pp. 145-157. https://doi.org/10.1108/01437730210424

Spears, L. C. Reflections on leadership: How Robert K. Greenleaf’s Servant Leadership influenced today’s top management thinkers. New York: Wiley Press, 1995.