David: La perle du Brésil

Um espécime do exoticismo, a ópera La perle du Brésil de Félicien-César David (1810 – 1876) retrata com toda força o imaginário do colonialismo europeu do século XIX.  O libreto foi escrito por J. Gabriel e Sylvain Saint-Étienne que, junto do compositor, aparentemente nunca estiveram no Brasil. Félicien David buscava o excêntrico. Foi saint-simoniano e rendeu-se ao orientalismo em suas viagens pelo levante.

Audaz, ambienta a ópera cômica em um palácio em Lisboa, no convés de uma nau capitânia e em uma floresta brasileira. Teve seus momentos popularidades desde sua estreia em 1851, mas teve avaliações mistas entre momentos bons e muitas vezes ruins. Talvez sua maior contribuição tenha sido abrir os palcos europeus às temáticas brasileiras, beneficiando mais tarde a recepção de O Guarani de Carlos Gomes.

Ato I:
A abertura é majestosa, mesclando tradições de abertura francesa com imitações de pássaros da selva e sugestões de futuras árias e coros. O almirante português Don Salvador ora por seu amor por Zora, uma jovem que trouxe (raptou, né) no Brasil. Planeja educá-la e casar-se com ela, pedindo orientação em sua jornada de retorno. No entando, a jovem cativa ama Lorenz, tenente da guarda do palácio, o qual revela seu amor por Zora e sua intenção de se disfarçar de marinheiro para ficar com ela. Zora entoa uma balada ao Grande Espírito, finalizando com  Cena de Festival com um bolero e cânticos corais rítmicos.

Ato II:
Já no mar, o ato começa com uma canção dos marinheiros, seguida pela ode de Zora ao mar e várias danças. Lorenz e Zora expressam seu amor em um dueto, comparando o navio ao seu destino compartilhado. Don Salvador intenciona usar sua hierarquia para vingar-se de Lorenz, mas uma tempestade se aproxima no mar e o navio busca refúgio em um porto brasileiro, levando a um quarteto de solistas e coro mesclando expressões de amor, ciúme e preces pela segurança.

Ato III:
O ato final inicia-se nas costas selvagens do Brasil, com interlúdio romântico “La Rêve”, seguido por uma ária de Zora “Charmant oiseau”, acompanhada por intrincadas melodias de flauta. O navio enfrenta um ataque de nativos, levando Don Salvador a reunir seus homens com uma Canção de Guerra. No entanto, quando Zora invoca o hino do Grande Espírito, os brasileiros a reconhecem e fazem as pazes. Grato, Salvador autoriza Zora  se casar com Lorenz, culminando em um grande final com os protagonistas, marinheiros e brasileiros.

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