Os suecos, com o típico escrúpulo de evitar puxar sardinha para o lado deles, demoraram; mas fizeram justiça ao laurear Tomas Tranströmer (1931—2015) ao prêmio Nobel de literatura 2011.
Conheci a obra de Tranströmer por recomendação de um amigo. Desde então sou fascinado pelos seus versos singelos, enigmáticos, polissêmicos e profundos que levam à reflexão sem perder sua beleza. Aqui está uma tradução livre que fiz de um dos meus poemas favoritos, remediando um pouco a falta da tradução da sua obra ao português.
O recluso poeta da Ilha de Runmarö combinava um subjetivismo profunda vinda de suas experiências como psicólogo clínico.
PS: No dia 26 de março de 2015 Tranströmer faleceu. Está no prelo da Cia das Letras uma antologia sua, a primeira a ser publicada no Brasil.
I det fria (no aberto), 3 estrofes
— Colentânea “Ecos e traços” 1963-1966
Solen bränner. Flygplanet går på låg höjd
och kastar en skugga i form av ett stort kors som rusar
fram på marken.
En människa sitter på fältet och rotar.
Skuggan kommer.
Under en bråkdels sekund är han mitt i korset.
Jag har sett korset som hänger i svala kyrkvalv.
Det liknar ibland en ögonblicksbild
av något i häftig rörelse.O sol queima. O avião passa baixo
e projeta uma sombra como uma grande cruz
que corre sobre o campo.
Um homem senta no chão e se acomoda.
A sombra vem.
Por uma fração de segundo, ele está no meio da cruz.
Já vi a cruz no sacrário da igreja,
parece às vezes um piscar de olhos
de um movimento violento.
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