Chesterton: fé durante terror nacional

Chesterton

O polímato britânico G. K. Chesterton (1874-1936) foi contundente contra a destrutiva manipulação pública que entralaçava governantes ineptos, mentiras deslavadas, polarizações manufaturadas, terror generalizado e uma plutocracia cínica.

Com essa mensagem forte, escreveu este cântico demandando por justiça e por sanidade nacional. Em 1912 um grupo de mineradores em greve processionaram até o arcebispo da Cantuária cantando-o com a melodia Aurelia, outra favorita do protestantismo. Cansado da dicotomia forçada entre conservadores e progressistas, Chesterton rejeitou essa polarização delineando uma doutrina política com Hilaire Belloc, o distributismo.

Essa proposta política, depois conjugada com a Doutrina Social da Igreja, inspiraria desde a cooperativa de Mondragón na Espanha aos partidos democratas cristãos em países católicos. Seus ideais são discerníveis no pensamento social católico brasileiro de Tristão de Ataíde, do pe. Henrique Cláudio de Lima Vaz, de Afonso Arinos, do sociólogo Luiz Alberto Gomez de Souza e da teologia da libertação.

Compilado no The English Hymnal (1906) anglicano com a melodia galesa Llangloffan, o hino se tornou um favorito britânico, com versões desde o Iron Maiden até coros de catedrais.

Hoje sua proposta de unificar a nação em direções comuns enfrenta a disseminação institucionalizada de mentiras que forja faccionalismos destrutivos. Um século depois esta petição a Deus precisa ser cantada em uníssono contra governantes populistas e a mortandade em benefício dos interesses econômicos de predadores. A necropolítica propagada especialmente por governos populistas e negacionistas do Brasil e dos Estados Unidos tem um preço que quem está pagando está sendo os mais vulneráveis.

Nessa conjuntura, é desigual o peso do sofrimento devido às injustiças, às crises e à pandemia. Àqueles mais afligidos, este hino expressa nosa solidariedade e sentimento de esperança.

O God of earth and altar,
Bow down and hear our cry,
Our earthly rulers falter,
Our people drift and die;
The walls of gold entomb us,
The swords of scorn divide,
Take not thy thunder from us,
But take away our pride.

From all that terror teaches,
From lies of tongue and pen,
From all the easy speeches
That comfort cruel men,
From sale and profanation
Of honour and the sword,
From sleep and from damnation,
Deliver us, good Lord!

Tie in a living tether
The prince and priest and thrall,
Bind all our lives together,
Smite us and save us all;
In ire and exultation
Aflame with faith and free,
Lift up a living nation,
A single sword to thee. 

Segue uma versão brasileira, a qual não consegui localizar o autor.

Ó Deus da terra e altar
Inclina-te e ouve nosso pranto;
Nossos governantes a hesitar,
Nosso povo a vagar e morrer;
Muros de ouro nos sepultam,
Espadas de desprezo que dividem;
Não afastes de nós Teu poder,
Mas destrói para sempre o desdém.

De tudo que o terror ensina,
Das mentiras e da língua e caneta;
De toda palavra amena
Que aos homens cruéis acalenta;
Da venda e da profanação
Da honra e da espada
Do sono e da condenação,
Livrai-nos, ó Bom Senhor!

Ata em vida corda
Príncipe, sacerdote e escravo;
Une bem nossa vida,
Castiga para salvar o Teu povo;
Em ira e exultação
Inflama com fé e liberdade,
Levanta uma viva nação
Para Ti, a única espada.

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Como citar esse texto no formato ABNT:

Citação com autor incluído no texto: Alves (2020)

Citação com autor não incluído no texto: (ALVES, 2020)

Referência:

ALVES, Leonardo Marcondes. Chesterton: fé durante terror nacional. Ensaios e Notas, 2020. Disponível em: https://wp.me/pHDzN-56m . Acesso em: 20 jul. 2020.

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