O presidente Abraham Lincoln (1809 – 1865) só deveria dizer algumas palavras após o orador principal tivesse direcionado-se ao público na cerimônia de dedicação do cemitério militar de Gettysburg. Naquele local, há poucos meses, ocorrera uma das mais sangrentas e cruciais batalhas entre os Estados Unidos e a Confederação. Em menos de dois minutos o estadista honrou os mortos e deu um propósito para a democracia americana. Aliás, como a oração fúnebre de Péricles, o momento de honra aos que caíram por uma causa seria um ponto pivotal para entender a democracia: o governo do povo, pelo povo e para o povo.
Na tarde de quinta-feira de 19 de novembro de 1863, Lincoln disse as poucas e eloquentes palavras que — em cinco versões registradas — seriam imortalizadas em uma placa no Monumento a Lincoln em Washington. Sob a sobra desse monumneto, essas palavras foram ainda aludidas por Martin Luther King, Jr. em seu discurso Eu tenho um sonho, completando ainda mais uma etapa na disseminação dos direitos civis a todos os cidadãos. Em um raro reconhecimento às influências anglo-americanas, a Constituição Francesa ainda incorporaria a definição de governo democrático de Lincoln.
Há quatro vintenas e sete anos nossos pais criaram neste continente a uma nova nação, concebida na liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.
Agora estamos engajados em uma grande guerra civil que testa se essa nação, ou qualquer nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Estamos reunidos em um grande campo de batalha dessa guerra. Passamos a dedicar uma parte desse campo como um local de descanso final para aqueles que deram suas vidas aqui para que esta nação pudesse sobreviver. É absolutamente adequado e apropriado que o façamos.
Mas, num sentido mais amplo, não podemos dedicar — não podemos consagrar, não podemos santificar — esse terreno. Os homens corajosos, vivos e mortos, que lutaram aqui, o consagraram, muito além do que nossas pobres faculdades podem adicionar ou diminuir.
O mundo dificilmente notará, nem por muito tempo se lembrará do que dizemos aqui, mas nunca esquecerá o que fizeram aqui.
Devemos nós os vivos, antes, dedicarmos aqui à obra inacabada dos que lutaram aqui e avançaram tão nobremente. Em vez disso, é para nós estarmos aqui dedicados à grande tarefa que resta ante a nós — de que esses mortos honrados inspirem maior devoção àquela causa pela qual eles deram a última medida transbordante de devoção — que nós aqui afirmemos que esses mortos não morreram em vão — que esta nação, sob Deus, haja um renascimento de liberdade — e que o governo do povo, pelo povo, para o povo, não pereça na Terra.
Veja também
Democracia: o ideal de Péricles
http://www.abrahamlincolnonline.org/lincoln/speeches/gettysburg.htm versões em inglês.
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