O dueto das flores

O dueto das flores é a ária mais conhecida dessa ópera cômica de Léo Delibes (1836 –1891). Estreou em 1883 e foi um sucesso na França, com seus exoticismo, digressões sobre o amor, as diferenças entre o ocidente e o oriente, e narrativa dentro de outra narrativa, como na Où va la jeune Indoue, a ária da filha dos párias.

O libreto de Philippe Gille e Edmond Gondinet conta o amor separado pela política, religião e colonialismo entre o oficial britânico Gérald e a brâmane indiana Lakmé.

É fácil incorrer em uma análise pós-colonial da ópera, recheada de clichês orientalistas, como Nabuco (1842) de Verdi, a trama indo-portuguesa Jessonda (1823) de Louis Spohr, Salammbô (1890) de Ernest Reyer e O rei de Lahore (1877) de Massent. A ópera tem inspirações nos folhetins igualmente essencialistas de Pierre Loti (1850–1923). Entretanto, é justo salientar que essa ópera retrata os impactos do encontro colonialista dos europeus com populações locais, normalmente trágico, como em Madama Butterfly.

Sinopse

Ato 1.  O brâmane Nilakantha organiza reuniões devocionais em seu jardim, já que os britânicos proíbem certas práticas hindus. Sua filha Lakmé e a serva Mallika vão ao rio juntar flores, cena do famoso dueto. Gérald, um amigo e duas inglesas entram furtivamente no jardim de Nilakantha. O inglês e a sacerdotisa se conhecem e se apaixonam.

Ato 2. Nilakantha procura na cidade quem violou e profanou o jardim-templo. Desconfiado que tal pessoa ama Lakmé, faze-a cantar a para ver se o culpado se entregava. Sua filha entoa a ária da filha do pária e Gérald se revela. Consequentemente, o inglês é ferido e deixado como morto.

Ato 3. Lakmé salva e cuida de Gérald no jardim. Lakmé vai trazer o cálice que simboliza a união deles, mas um colega de Gérald o encontra. O dever militar o chama. Ao retornar, Lakmé nota que o amado está diferente e hesitante de beber com ela. Desolada, Lakmé morre ao digerir uma folha da planta veneosa datura. Gérald, arrependido, junta-se a ela.

LE DUET DE LES FLEUS — O DUETO DAS FLORES

LAKMÉ  
Viens, Mallika,  
les lianes en fleurs  
jettent déjà leur ombre  
sur le ruisseau sacré  
qui coule, calme et sombre,  
éveillé par le chant  
des oiseaux tapageurs!  
MALLIKA  
Oh! maîtresse,  
c’est l’heure  
où je te vois sourire  
l’heure bénie  
où je puis lire  
dans le coeur toujours fermé  
da Lakmé!  

em uníssono

LAKMÉ MALLIKA
Dôme épais Sous le dôme épais
le jasmin où le blanc jasmin
à la rose s’assemble à la rose s’assemble,
rive en fleurs, sur la rive en fleurs,
frais matin, riant au matin,
nous appellent ensemble. viens, descendons ensemble.
Ah! glissons Doucement glissons:
en suivant de son flot charmant
le courant fuyant suivons le courant fuyant
dans l’onde frémissante. dans l’onde frémissante.
D’une main nonchalante, D’une main nonchalante
gagnons le bord, viens, gagnons le bord,
où l’oiseau chante. où l’oiseau chante.
Dôme épais, Sous le dôme épais,
blanc jasmin sous le blanc jasmin,
nous appellent ensemble! ah! descendons ensemble!
   
LAKMÉ  
Mais je ne sais  
quelle crainte subite  
s’empare de moi;  
quand mon père va seul  
à leur ville maudite,  
je tremble d’effroi!  
MALLIKA  
Pour que le dieu Ganeça  
le protège, jusqu’à l’étang  
où s’ébattent joyeux  
le cygnes aux ailes de neige,  
allons cueillir les lotus bleus.  
LAKMÉ  
Oui, près des cygnes  
aux ailes de neige,  
allons cueillir les lotus bleus…  

em uníssono…

OÙ VA LA JEUNE HINDOUE — O CONTO DA FILHA DOS PÁRIAS

Em inglês chamada de The Bell Song (“Ou va la jeune Hindoue?”), é um solo em soprano colatura. Lakmé é forçada a cantar em uma praça pública pelo seu pai. O conto é sobre uma menina pária que salva o deus Vishnu e uma desesperada mensagem velada de Lakmé ao seu amado.

Où va la jeune Indoue, Onde vai a jovem hindu,
Fille des Parias, filha dos párias,
Quand la lune se joue quando a lua brinca
Dans les grands mimosas? entre as grandes árvores mimosas?
Quand la lune se joue quando a lua brinca
Dans les grands mimosas? entre as grandes árvores mimosas?
Elle court sur la mousse Ela corre sobre o musgo
Et ne se souvient pas e não se lembra mais
Que partout on repousse que em qualquer lugar se repulsa
L’enfant des parias. a filha dos párias.
Elle court sur la mousse, Ela corre sobre o musgo
L’enfant des parias; a filha dos párias;
Le long des lauriers roses, longe dos laurés rosas,
Rêvant de douces choses, lembrando-se de coisas doces,
Ah! Ah!
Elle passe sans bruit Ela passa sem barulho
Et riant à la nuit à la nuit! e sorri à noite, à noite!
Là-bas dans la forêt plus sombre, Lá embaixo na Floresta mais sombria,
Quel est ce voyageur perdu? quem é aquele peregrino perdido?
Autour de lui Arredor dele
des yeux brillent dans l’ombre, os olhos brilham na escuridão,
Il marche encore au hasard éperdu! ele marcha sem eira nem beira!
Les fauves rugissent de joie, As feras rugem de alegria,
Ils vont se jeter sur leur proie terão sua presa.
La jeune fille accourt et brave leurs fureurs, A moça apressa e enfrenta suas fúrias:
Elle a dans sa main la baguette Ela segura em sua mão a varinha
Où tinte la clochette, où tinte la clochette na qual soa o sino, na qual soa o sino
Des charmeurs. dos encantadores.
Ah! ah! ah! Ah! ah! ah!
L’étranger la regarde, O estranho a admira,
Elle reste éblouie, Ela para admirada,
Il est plus beau que les Rajahs! ele é a mais belo que os rajás!
Il rougira s’il sait qu’il doit la vie ele rubor-se-á  se perceber o que possui
A la fille des parias. a vida da filha dos párias.
Mais lui, l’endormant dans un rêve, Mas ele, faze-a adormecer em um sonho,
Jusque dans le ciel il l’enlève, ele a transporta para o céu,
En lui disant: ta place est là! e dizendo-lhe: “seu lugar é lá!”
C’était Vishnou, fils de Brahma! Era Vishnu, filho de Brahma!
Depuis jour au fond des bois, desde então nas profundezas do bosque
Le voyageur entend parfois os viajantes às vezes escutam
Le bruit léger de la baguette e som baixinho da varinha
Où tinte la clochette, na qual soa o sino
Où tinte la clochette na qual soa o sino
Des charmeurs. dos encantadores.
Ah! ah! ah! Ah! ah! ah!

VEJA TAMBÉM

SCOTT, Derek B. Orientalism and Musical Style

O Salmo 137, Camões e a Ópera Nabuco

Turandot: nessun dorma

 

 

 

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