Rainer Maria Rilke (1875–1926) foi um poeta de expressão alemã nascido em Praga, todavia sua vida errante fez dele um cosmopolita. Sua obra é singular e reflete influências de Kierkegaard, do pietismo alemão e da literatura espiritual russa.
Seus contemporâneos do fin-de-siècle foram personagens interessantes. Teve um relacionamento com Lou Andreas-Salomé (1861—1937) uma intelectual russo-alemã cujo círculo social incluíam-se Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche. Por um tempo, Rilke foi secretário do escultor August Rodin.
Descobri Rilke lendo Dietrich Bonhoeffer e fiquei desde então cativado pelos seus versos. Poetas notórios da língua portuguesa traduziram seus poemas, são eles nada menos que Augusto de Campos, Manuel Bandeira e Cecília Meireles, além de haver alusões de Rilke em João Cabral de Melo Neto.
“É bom também amar porque amor é difícil. Pois um ser humano amar o outro é talvez a tarefa mais árdua a nós confiada. É a tarefa suprema, o teste final, a prova, a obra pela qual tudo é somente uma mera preparação.” Briefe an einen jungen Dichter. Brief 7. Rom 14 Mai 1904 (1)
Tu, Obscuridade de onde emana
meu ser, amo-te mais do que à chama
que o mundo reduz
ao círculo da sua luz:
ali dentro, resplandece;
fora dali, ser nenhum a reconhece.
Mas na Obscuridade tudo se contém:
as formas e as chamas, os animais e eu também,
nela que consorcia
existências e energias —
Pode bem ser que uma força sombria
se mova em minhas cercanias.
É às noites que minha alma se confia.
Bibliografia em português
As rosas. Tradução de Janice Caiafa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.
Cartas a um jovem poeta e a canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke. Tradução de Paulo Rónai e Cecília Meireles. 2a ed. São Paulo: Globo, 2007.
As Elegias de Duíno. Tradução de Maria Teresa Dias. Lisboa: Furtado Assírio e Alvim, 1993.
Os cadernos de Malte Laurids Brigge. Tradução de Renato Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2009.
Poemas. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Cia das Letras, 2012
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(1) Essa curta tradução é minha, oriunda de http://www.rilke.de/briefe/140504.htm