Inteligência Artificial: o que fascina, o que assusta

Não. Este ensaio não foi produzido no ChatGPT.

Tenho acompanhado os avanços da Inteligência Artificial (AI) como um expectador. Não sou nenhum luddita, tampouco acredito que a tecnologia seja uma panaceia. Alguns pontos me incomodam nos recentes avanços nessa área.

Uma coisa que incomoda é que decisões robotizadas incorporam invariavelmente vieses sem chances de remediação externa. Em um momento próximo quando alguém for solicitar um visto, receber um diagnóstico, ser sentenciado, contratar um seguro de saúde será decidido por um programa de computador. Para os ricos e poderosos reservam-se a humanidade. Para o resto, mais um ponto de dados em um algoritmo.

No final de novembro de 2022 o mundo espantou-se com o ChatGPT. Este robô de chat que responde — quase que passando no Teste de Turing — às instruções e solicitações. Logo surgiram questões éticas e criminais. Dá para produzir propaganda política, armas e redações acadêmicas.

Outro problema é aplicar modelos restritos de lógica para a complexidade do mundo real. Em um experimento feito pelo eticista Henderson Fürst, o ChatGPT retornou Nise Yamaguchi como referência em ética. Talvez a intersecção de popularidade (índice kardashian) com uma menção isolada da palavra-chave no lattes seja o culpado.

Uma coisa a ponderar são os limites da AI. Embora hoje seja possível fazer um comando para varrer uma base de dados, produzir uma análise em resposta a uma questão de pesquisa e redigir um relatório, não poderíamos chamar isso de pesquisa científica. Ou poderíamos?

Em um cenário distópico, AI poderia gerar uma sociedade como a do Minority Report, conto de Philip K. Dick tornando em filme. A soma de variáveis cozidas sabe lá como determinariam quem deveria ser caçado em nome do bem maior ou outro critério.

Mas, realmente espero que a AI facilite a vida. Réguas e esquadros na mão de quem não saiba desenhar não gera arte, mas nas mãos de pintores e arquitetos temos obras estupefantes. Processar dados, gerar relatórios, criar artes, orientar consistentemente a vida humana são promissores com a AI. No entanto, As promessas das revoluções industriais de aliviar o ser humano do peso e do tédio das tarefas rotineiras ou difíceis foram cumpridas somente para uma classe já ociosa. O resto ainda sofre.

E ESTE ENSAIO ABAIXO FOI FEITO COM AI

SAIBA MAIS

Yorick Wilks. Artificial Intelligence and Religion. Gresham College, 12 de maio de 2020.

Henderson Fürst. O que o ChatGPT tem a dizer sobre bioética. Conjur, 6 de fevereiro de 2023,

Um comentário em “Inteligência Artificial: o que fascina, o que assusta

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  1. Ainda falta muito a refinar nessa IA. Consultas pelo “índice kardashian” facilmente retornariam “Hitler” e “católico” em uma mesma frase, deixando os mais apressadinhos (e não tão sapientes, tampouco conhecedores do mínimo de história) com a falsa impressão de que Hitler era um símbolo de como deveria ser um cristão. A “justificativa” de que estava “defendendo a obra do Senhor” que a criatura deixou em sua autobiografia só faria piorar a qualidade do que a IA poderia retornar. Mas enfim… logo saberemos que as grandes vantagens (e desvantagens) que surgirão disso.

    Em tempo: “Nise Yamaguchi” e “ética” estão relacionados sim. Falta só acrescentar aí: “falta de” 🙂

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